Alguns fatos recentes são por demais provocantes para não proporcionar uma reflexão, conseqüentemente, um bom papo.
A vida é sempre comparada a uma caminhada, mas toda caminhada pressupõe objetivo(s). Para estabelecer objetivos vc precisa entender sua vida e o mundo ao seu redor, fazendo isto vc estabelece suas convicções. Mas...
Bom, é óbvio que o parágrafo acima é um resumo, uma descrição grosseira de algo muito mais elaborado, mas vem a calhar pra minha pergunta: Quanto destas nossas convicções corresponde à realidade?
Talvez seja mal de brasileiro divergir de tudo, ser do contra, nunca estar satisfeito, sempre buscar uma nova abordagem, um defeito, etc. Mas será que explica pq divergimos tanto (conceitualmente) das escolhas dos outros?
Sempre estamos questionando as escolhas feitas, o caminhar dos outros. Dificilmente vc encontra concordância num grupo quanto às escolhas de alguém.
Ou realmente somos do contra ou as escolhas de fato são ruins.
O que torna tudo pior é que nossas próprias escolhas tb estão sendo sempre questionadas.
Mas vamos lá, tem um ditado que diz em outras palavras que se muita gente discorda da gente existe grande chance de estarmos errados.
Considerando uma análise realista da vida e vendo quanta gente é infeliz e vive reclamando das escolhas feitas e do caminho percorrido, fica mais claro que realmente algumas convicções não corresponderam a uma leitura razoável da realidade.
Mas pq fazemos isto?
Somos tão convictos das escolhas feitas, seguimos resolutos rumos aos nossos objetivos, defendendo com ardor as escolhas feitas, cegos à todos os sinais em contrário, surdos à todos os alertas.
Pq?
Uma das artimanhas se refere aos outros personagens participantes das caminhada, imputando virtudes e defeitos conforme nossa conveniência, sempre com o único intuito de justificar nossas fugas e zona de conforto.
Fazemos algo parecido com nossos objetivos, com cada decisão tomada, sempre amparadas na virtuosidade daquilo que escolhemos pra nós.
Como conseqüência é que nos envolvemos cada vez mais em caminhadas solitárias, ou vc considera companheiro de caminhada aqueles que só dão tapinhas nas costas e incentivos, mesmo que em off critiquem suas escolhas?
Muito se fala do valor da amizade, do companheirismo, fidelidade, cumplicidades, mas isto realmente é algo vivido profundamente ou tb faz parte deste mundo ficcional que criamos?
Os amores. Ah! Os amores. Não duram um verão, não resistem a primeira chuva.
Isto que dá querer parecer ao invés de ser. Nos tornamos personagens de uma grande história, melhor, de uma reality show, sorrimos pras câmeras, fazemos caras e bocas, agimos conforme as expectativas, ao menos conforme o que achamos ser o certo e esperado. Mas e quando estamos sozinho, nas nossas reflexões, estamos felizes?
Me parece que a necessidade de felicidade é um entorpecente forte demais para nos permitir ver a realidade. Talvez forte demais para abrir janelas que nos permitam sequer duvidar das escolhas feitas.
No fim, prolongamos a caminhada sob efeito deste entorpecente até chegar a hora que tudo passa e nos damos conta do tempo perdido, e entramos pro grupo dos que passam o resto da vida se lamentando. Tem sorte aqueles que tem vigor e alegria para recomeçar.
Tem uma frase que ouvi, certamente não vou repeti-la com precisão, portanto, aceito correções: A geração dos anos 60/70 era, a dos anos 80 queria ser enquanto a atual parecer ser.
E vc, qual é sua opinião? Aproveite e faça uma leitura invertida, uma adaptação a cargo de cada um, convertendo para as pessoas que preferem não ter objetivos, que desistem da caminhada.