sábado, 10 de dezembro de 2011

Un paseo?

Un paseo? by migajiro
Un paseo?, a photo by migajiro on Flickr.
Nada mais especial do que as coisas simples da vida.
Um passeio, um lugar, uma companhia...
Nunca vou entender quem troca tudo isto por uma vida de aparências...

:-)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O último discurso de “O Grande Ditador” - Chaplin

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

sábado, 29 de outubro de 2011

Desejo - Adil Tiscatti

Sempre trago uma música para compartilhar, muitas nem tão conhecidas, mas que valem a pena.
Espero que gostem.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um Novo Personagem Mitológico

A mitologia é cheia de personagens que sofrem, vivem as mais profundas angústias, convivem com as mais diversas dores.
Vou criar um hoje, alguém que é capaz de ver as pessoas além das máscaras, alguém que é capaz de encontrar o que há de melhor em cada um de nós, mas que está aprisionado, reprimido.
Seu dom é conhecer as pessoas além do que elas próprias sabem, ver, enxergar, mergulhar no seu mais profundo íntimo, fazer viagens de descobertas fascinantes.
Algumas viagens serão nebulosas, assustadoras, enfrentando camadas e mais camadas de proteção até conseguir achar o que de bom se esconde ali.
Outras serão viagens tristes, por camadas que consomem o ousado viajante.
Outras serão surpreendentes, pelo simples motivo de não encontrar razão pra manter preso tudo de bom que a pessoa tem.
Este nosso personagem conhece nosso melhor, se encanta pelo que descobre e nos trata de acordo com o que sua viagem proporcionou.
Óbvio que em algumas viagens não descobrirá nada de bom, destes, ele mantém distância.
Mas pense na felicidade que esta viagem proporciona, encontrar beleza e encantamento nos terrenos mais áridos, de onde menos se espera.
A princípio, nosso personagem é um felizardo, um abençoado. Encontra beleza onde ninguém mais encontra, enxerga cores onde todos enxergam cinza, vê luz onde todos tateiam na escuridão.
Mas...
Nosso personagem não tem a chave, não tem o poder de libertar toda esta beleza que encontra. Ele sabe que está lá, ele conhece todas as camadas que encobrem e mantém preso tudo de bom que temos mas fora sua capacidade de viajar, entrar e sair, não consegue trazer para fora tudo que vê.
Pior, muitos mal acreditam naquilo que ele descreve, desqualificando o nobre personagem viajante.
Infeliz com seu próprio destino, ainda sofre por testemunhar que tudo aquilo de bom que se guarda ali dentro vai ficando cada vez mais escondido nas profundezas, afastando cada vez mais as pessoas de tudo de bom que poderiam conquistar.
Com o tempo, ele silencia, se acomoda e lamenta o destino das pessoas que tinham grandes promessas de felicidade e realização.
Nosso infeliz personagem tb não tem como fugir de seu próprio dom, pq suas viagens não tem controle, ele é simplesmente sugado pra dentro, enfrentando todos os percalços do caminho até achar o tesouro escondido. Ele não tem escolha.
 
Carregamos um pouco destes personagens mitológicos dentro de nós, lembrando que este é mera criação. Quantas vezes vc sentiu na pele o que nossa personagem sente? Quantas vezes passou por isto? Quantas vezes conseguiu ver além mas nada pôde fazer?
 
As pessoas que passam em nossas vidas sempre levam um pedaço de nós, queiram ou não queiram.
 

domingo, 2 de outubro de 2011

Ingratidão.

Existem várias situações que minam, destróem uma relação. Existem várias ocorrências que colocam as relações em xeque, que criam dúvidas e inseguranças, que desestabilizam ou, por vezes, fazem ruir tudo.
Escolhas, posturas, coisas ditas, ações, reações, fatos...
A história dos relacionamentos é rica, uma bibliografia vasta e interminável e ainda sendo escrita.
Muito se fala das mais óbvias, das que machucam mais, das que causam mais clamor e é interessante ver como reagimos a elas.
Num resumo, o ser humano e nossos relacionamentos estão empobrecendo e naufragando em nossos proprios erros e egoísmo, cada vez mais focados no próprio umbigo, esquecemos o que nossos atos causam nos outros, esquecemos o que os outros causam em nós, esquecemos o quão importante são os relacionamentos na construção de nossa identidade.
Não que a história não nos permita aprender, o "surpreendente" é que não faltam ensinamentos, mas...
Às vezes acho que perdemos a sensibilidade de perceber as coisas a nossa volta, talvez tenhamos embrutecido e perdido esta capacidade ou, simplesmente, fazemos vista grossa.
No nosso esgoísmo não estamos nem ai pra quem fica, o importante é seguir em frente, viver novas "aventuras", novas histórias, sem perceber que quanto mais nos aventuramos, mais perdemos a nossa essência.
De onde vem esta ingratidão? Pq nos tornamos tão ingratos com aqueles que estiveram ao nosso lado, nos apoiaram, nos fizeram ser o que somos e conquistar os espaços que temos?
Como se dá este processo de olhar pra alguém e não enxergar mais toda a história rica de convivência e entrega mútua? Como isto se perde?
Afinal, memória não é um pen drive, um dispositivo descartável.
Como então isto acontece a ponto de não reconhecer mais o outro, olhar e ver ali outra pessoa?
O interessante é que anda tão habitual, que nós mesmos nos transformamos, embrutecemos, etc.
Os vínculos se dão como se fossem modismos, hoje vc me serve, amanhã já será ultrapassado.
Desculpas temos aos montes: é a vida, é o ritmo natural da vida, a vida deu uma guinada, aconteceu uma coisa, etc, etc, etc.
A falta de tempo, desculpa quase padrão, é a mesma que usamos com os pregadores de portão ou com aquele entrevistador que nos abordam nas ruas.
Mas o que justifica a ingratidão? Supondo que eventualmente vc se toque, como vc lida com isto? Quanto tempo demora esta sensação ruim de se sentir ingrato? Lavo o rosto e pronto, passou?
Sou do tempo, ao menos do final deste tempo, quando ainda existia o cumprimento educado nas ruas, quando vc se predispunha a ajudar ao próximo, quando vc se preocupava e buscava estar próximo, quando vc abria a porta de sua casa pra quem precisava desde uma boa conversa até um abraço, um carinho. Quando isto era o esperado das pessoas.
Nos tornamos descartáveis? 
Começo a entender por esta virtude vem se perdendo nas pessoas...


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Complexo de Vira-Lata

É o texto original de Nelson Rodrigues publicado originalmente na revista Manchete em 31/05/1958, após o Brasil ter perdido a final da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai (em pleno Maracanã) e antes do Brasil ter sido campeão da Copa do Mundo de 1958 na Suécia.
"Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da semana. Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: - "O Brasil não vai nem se classificar!". E, aqui,eu pergunto: – não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?
 Eis a verdade, amigos: – desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. O tempo em vão sobre a derrota. Dir-se-ia que foi ontem, e não há oito anos, que, aos berros, Obdulio* arrancou, de nós, o título. Eu disse "arrancou" como poderia dizer: – "extraiu" de nós o título como se fosse um dente.

 E, hoje, se negamos o escretede 58, não tenhamos dúvidas: – é ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: – o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer esperança. Só imagino uma coisa: – se o Brasil vence na Suécia, e volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício.

 Mas vejamos: – o escrete brasileiro tem, realmente, possibilidades concretas? Eu poderia responder, simplesmente, "não". Mas eis a verdade: – eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: – sou de um patriotismo inatual e agressivo, digno de um granadeiro bigodudo. Tenho visto jogadores de outros países, inclusive os ex-fabulosos húngaros, que apanharam, aqui, do aspirante-enxertado Flamengo. Pois bem: -não vi ninguém que se comparasse aos nossos. Fala-se num Puskas. Eu contra-argumento com um Ademir, um Didi, um Leônidas, um Jair, um Zizinho.

 A pura, a santa verdade é a seguinte: – qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma: – temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de "complexo de vira-latas". Estou a imaginar o espanto do leitor: – "O que vem a ser isso?". Eu explico.

Por "complexo de vira-latas" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos "os maiores" é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do empate. Pois bem: – e perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: – porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos.
 Eu vos digo: – o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: – para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão."
Nada mais atual, como povo, como parte integrante de um grupo, como indíviduo. Parece que é um complexo que ainda nos atormenta, parte integrante do que somos, sempre olhando o mundo com uma ótica reduzida, simplória, onde mais reduzidos somos nós a piores nisto, naquilo, nada no mundo é tão ruim ou pior do que nós, da mesma maneira, parece que a única maneira de combatermos tal complexo é pensarmos de maneira totalmente oposta: somos os melhores, em nenhum outro lugar do mundo é assim, nunca antes na história, etc... Talvez nos falte encontrar o ponto de equilibrio, onde sejamos únicos, verdadeiros, autênticos.
Bom texto pra refletir somos nós como nação, como grupos e como pessoas. Ainda muito atual. ;-)


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma resposta.

O que é a solidão? É algo que nos toma contra nossa vontade? Normalmente não, solidão costuma resultar de nossas escolhas.
É a maneira que decidimos viver nossas vidas que define quem fará parte dela e, principalmente, de que maneira...
A vida é feita de escolhas, nossas escolhas.
Apesar de estarmos sujeitos a uma série de coisas que limitam ou ampliam as possibilidades, é a maneira que lidamos com isto que define os resultados.
Caminho fácil ou difícil?
Felicidade ou paz?
O que vc realmente busca?
Muitas vezes a gente reclama da vida como se tudo nela fosse fruto do acaso, nada cai do céu, inclusive os problemas.
Se temos que trabalhar pra sermos felizes, precisamos tb trabalhar pra não sermos.
Precisamos construir, fazer por merecer, mas escolhas fáceis podem até dar um sossego por algum tempo, mas quando o efeito acabar?
Viver a vida muitas vezes é definido com palavras que descrevem guerras, batalhas, em resumo, viver a vida é encarar, não se ausentar, não se esconder atrás de desculpas, de vidas maquiadas, photoshopadas.
Frutos, para serem colhidos, precisam antes serem plantados.
Solidão e infelicidade são colheitas indesejáveis sim, mas que em algum momento foram plantadas.
Agora me diga, vc se permite ser feliz de fato?

terça-feira, 31 de maio de 2011

Por quê?

•Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade.
•Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência:
é subserviência. 
•Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
•Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.
"O conhecimento obtemos com os mestres e os livros.
A sabedoria com a vida e com os humildes. "

terça-feira, 26 de abril de 2011

Reflexão do dia.

Acreditar estar vivendo uma situação de felicidade deve ser tratada da mesma maneira que uma situação de felicidade real?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vivendo mentiras.

Não sei o que nos comanda, não sei como funciona a natureza humana, ao que somos sujeitos no ato de viver. Sabemos, superficialmente, algumas coisas: Freud, fé, moda, cultura...
Não sei pq hoje escolhemos viver mentiras, acreditamos em cada coisa que chega a assustar.
Nada dura, nada é sólido. Se foge para o que não existe, se vive fantasias sedutoras, convidativas e, de tanto acreditar naquilo, damos publicidade, dividimos.
Muito tempo atrás a vida exigia tanto de nós, viver era um desafio que não permitia fugas, os pais se preocupavam com a educação dos filhos, respeitávamos uns aos outros, aceitávamos autoridade, corríamos atrás do que era importante, tínhamos amigos verdadeiros com quem passávamos horas de boa conversa, não havia os excessos do politicamente correto, era permitido pensar, podíamos ler Monteiro Lobato, podíamos sacanaear um ao outro e com isto aprender a nos defender, que a vida é feita de mão dupla, tudo que vai, volta.
Mas sempre havia um ou outro vivendo seus mundinhos cor de rosa, mergulhados neles de tal maneira que chocava.
Hoje estes mundinhos se cruzam, se conectam e ganham vida, quase real.
Como diz a velha frase, uma mentira contada várias vezes vira uma verdade.
Confesso que tenho medo, começo a me policiar, tenho medo de perder o rumo como muitos fazem, até pq nem sempre tem volta.
Antigamente era um desnorteado em milhares, hoje...
Qualquer flash de felicidade vale mais do que uma trajetória de vida.
O mais interessante é a força desta crença, são tantos que daqui a pouco os sãos irão começar a suspeitar da própria sanidade.
A Era da Insanidade.
Entregamos nossas vidas ao fantástico, ao ilógico, ao sem sentido, mas quem é capaz de nos devolver o bom senso?
Tudo bem, nos tornamos preguiçosos, é fácil criar leis pessoais, segui-las e pronto.
Julgar, compreender então é desnecessário, dá trabalho, basta uma olhadela e pronto, temos o perfil completo.
Tempos de redes sociais... Um avatar, um bom texto (a maioria colado e sem autoria confirmada) e passamos a existir.
Ai levamos nossa crença pra alguém, pra um grupo e todos, sem compromisso algum com a verdade, dizem que vc está certo.
E lá vamos nós rumo ao abismo, felizes e contentes, cordinha no pescoço, chão sumindo.
Fico pensando no futuro, quando a vida cobra sua conta, o que será de nós? Envelhecidos, cansados, frustrados. Arrependidos? Amargurados?
Pq o agora é mais importante do que o todo?
A vida média de um brasileiro gira em torno de 70 anos, nosso auge dura em torno de 10 anos, desconte os 15, 16 que não somos senhores de nossos atos, uns 4 ou 5 onde tudo é festa, sobra 40. Quarenta anos pra conviver com nossas decisões, nossos atos.
Exercemos tantos papéis em nossas vidas, temos tantas responsabilidades, sei o quanto isto assuste. Mas nossa maior falha é sempre conosco, ninguém vai carregar nosso fardo, seremos nós que teremos que lidar com nossas escolhas.
Entorpecidos pela "felicidade" do momento, nos sentimos capazes, como os jovens imortais, que descobrem da pior maneira que não são. E é lá na frente que saberemos a força do erro, da mentira que vivemos.
Será que vale a pena esta preguiça de pensar? Esta fuga eterna de fazermos escolhas? Aceitar como verdade algo que resulta desta preguiça, desta fuga?
Era da superficialidade.
Nada de profundidade, aceitamos consensualmente a superfície, compromisso silencioso de não ir além. Fingir que não vemos, que não sabemos, que não desconfiamos.
Engraçado como o medo da vida real nos empurra pra vida virtual, não necessariamente aquela que acontece somente na internet.
Cuidamos das drogas reais, as que promovem "viagens", e como lidamos com as drogas "virtuais"? Que distorcem nossa leitura da realidade, que promove verdadeiras e longas viagens?
Eu tenho uma crença, sofre muito quem é capaz de enxergar a realidade como de fato ela é, como as pessoas de fato são, conhecer o que realmente a vida nos sujeita.
Pois é, no fim é tentador viver uma mentira...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que somos...


Família
Upload feito originalmente por Eros - O Dom



Vc faz de sua vida o que bem quer, segue na direção que escolher, coloca nela que desejar, distribui permissões conforme sua conveniência.
O que vc possui, os relacionamentos que estabelece são seu retrato mais fiel.
Quem é vc? Vc é aquilo que possui somado àqueles que fazem parte de sua vida.
Muitos vivem a vida de maneira imediata, o que vale é o agora, o que tenho e sou tem somente o agora pra existir.
Alguns olham pra frente, a olho nu ou de lunetas, médio ou longo prazo. O agora tem somente utilidade pro que serei, o que me tornarei, o que terei e com quem me relacionarei.
Outros só olham pra trás, saudosismo ou frustração, de nada adianta a caminhada se o que importa ficou pra trás. Coisas boas ou ruins, são fantasmas que nos atormentam.
Quanto equívoco...
A vida é feita de passado, presente e futuro.
O que fomos nos ajuda no que somos e somando tudo definimos o que seremos.

O passado jamais será um fantasma pra quem souber tirar dele vida, força pra seguir.
Bons momentos vividos, pessoas que enriqueceram nossas vidas, nos ajudaram a levantar, acarinharam ou deram broncas quando mais precisamos. Quem sabe olhar pro passado se torna forte pra encarar o presente e planejar o futuro. Sabe em quem pode confiar, sabe o valor das pequenas coisas. O que somos resulta de tudo que passamos a duras penas.

O presente está ai, passando rápido, nem dando tempo de acompanhá-lo. Veloz, nos seguramos onde podemos, seguimos.
Mas que esta velocidade não te engane, o que está vivendo define muito do que vc é e o que se tornará. As pessoas com quem convive exercerão influências, as coisas que possue definirá muito de suas ambições futuras.
O presente é o futuro acontecendo, somos atores, definimos com nossas atitudes o desenho de nossa realidade. Mas é impossível viver plenamente o presente sem olhar pra trás e ver quem esteve conosco até aqui, quem foi importante, cada coisa possuída e perdida, o valor do que se viveu e o quanto contribuiu pra estarmos aqui. Isto não se faz olhando velhos álbuns, isto se faz valorizando. O passado não é uma página amarelada muito menos um filme P&B, o passado é a base do que somos.
Se acha que o presente basta, cuidado, pode acabar sem nada.

E viver em função do futuro, abdicar da vida pra ter sabe-se lá o que? Vale a pena? Muitas vezes, ao alcançarmos o grande prêmio vem o alívio, a sensação do dever cumprido.
Estourem as champagnes...
Mas logo o efeito passa e vc fica com aquela sensação: mas era só isto?
Tanto sacrifico, tanta coisa perdida e deixada de lado. Pra que?
O futuro é o presente de amanhã, algo que estamos construindo hoje, agora. Nosso futuro terá nosso tamanho, o tamanho de nossas escolhas, o tamanho de quem permitimos ter ao nosso lado na caminhada, o tamanho das coisas que fizeram parte de nossas vidas, o tamanho exato de nossas atitudes.
O futuro é o êxito ou o fracasso da caminhada e de nossas escolhas. O futuro premia o sábio e pune os espertinhos. O futuro é justo pq acontece na medida de nossos méritos.
Não se pode enganar o futuro, não se pode pensar numa vida como se ela não tivesse início, meio e fim. Não podemos ignorar o que nós fomos e somos na hora de cobrar recompensas.
Viver é um ato de eterna reflexão, de pensar e repensar o que somos e fazemos. Tomar decisões, agir, fazer, escolher...
Tudo isto define o que é nossa vida.
Vc faz de sua vida o que bem quer, segue na direção que escolher, coloca nela que desejar, distribui permissões conforme sua conveniência.


A vida está correndo, as coisas estão acontecendo, o passado ensina, o futuro motiva.
Quem sabe o que virá?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Reverência do Destino

Falar é completamente fácil,
quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.


Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.


Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém,dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.


Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer.
Ou ter coragem pra fazer.


Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.


'E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.


Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.


Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus".
Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas…


Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.


Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois.
Amar e se entregar.
E aprender a dar valor somente a quem te ama.


Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência.
Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.


Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.


Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta.
Ou querer entender a resposta.


Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.


Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma.
Sinceramente, por inteiro.


Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é
e te fazer feliz por inteiro .


Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém.
Saber que se é realmente amado.


Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

Obs.: Não posso assegurar a autoria, mas não pdoeria deixar de postar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Convicção e Realidade

Alguns fatos recentes são por demais provocantes para não proporcionar uma reflexão, conseqüentemente, um bom papo.
A vida é sempre comparada a uma caminhada, mas toda caminhada pressupõe objetivo(s). Para estabelecer objetivos vc precisa entender sua vida e o mundo ao seu redor, fazendo isto vc estabelece suas convicções. Mas...
Bom, é óbvio que o parágrafo acima é um resumo, uma descrição grosseira de algo muito mais elaborado, mas vem a calhar pra minha pergunta: Quanto destas nossas convicções corresponde à realidade?
Talvez seja mal de brasileiro divergir de tudo, ser do contra, nunca estar satisfeito, sempre buscar uma nova abordagem, um defeito, etc. Mas será que explica pq divergimos tanto (conceitualmente) das escolhas dos outros?
Sempre estamos questionando as escolhas feitas, o caminhar dos outros. Dificilmente vc encontra concordância num grupo quanto às escolhas de alguém.
Ou realmente somos do contra ou as escolhas de fato são ruins.
O que torna tudo pior é que nossas próprias escolhas tb estão sendo sempre questionadas.
Mas vamos lá, tem um ditado que diz em outras palavras que se muita gente discorda da gente existe grande chance de estarmos errados.
Considerando uma análise realista da vida e vendo quanta gente é infeliz e vive reclamando das escolhas feitas e do caminho percorrido, fica mais claro que realmente algumas convicções não corresponderam a uma leitura razoável da realidade.
Mas pq fazemos isto?
Somos tão convictos das escolhas feitas, seguimos resolutos rumos aos nossos objetivos, defendendo com ardor as escolhas feitas, cegos à todos os sinais em contrário, surdos à todos os alertas.
Pq?
Uma das artimanhas se refere aos outros personagens participantes das caminhada, imputando virtudes e defeitos conforme nossa conveniência, sempre com o único intuito de justificar nossas fugas e zona de conforto.
Fazemos algo parecido com nossos objetivos, com cada decisão tomada, sempre amparadas na virtuosidade daquilo que escolhemos pra nós.
Como conseqüência é que nos envolvemos cada vez mais em caminhadas solitárias, ou vc considera companheiro de caminhada aqueles que só dão tapinhas nas costas e incentivos, mesmo que em off critiquem suas escolhas?
Muito se fala do valor da amizade, do companheirismo, fidelidade, cumplicidades, mas isto realmente é algo vivido profundamente ou tb faz parte deste mundo ficcional que criamos?
Os amores. Ah! Os amores. Não duram um verão, não resistem a primeira chuva.
Isto que dá querer parecer ao invés de ser. Nos tornamos personagens de uma grande história, melhor, de uma reality show, sorrimos pras câmeras, fazemos caras e bocas, agimos conforme as expectativas, ao menos conforme o que achamos ser o certo e esperado. Mas e quando estamos sozinho, nas nossas reflexões, estamos felizes?
Me parece que a necessidade de felicidade é um entorpecente forte demais para nos permitir ver a realidade. Talvez forte demais para abrir janelas que nos permitam sequer duvidar das escolhas feitas.
No fim, prolongamos a caminhada sob efeito deste entorpecente até chegar a hora que tudo passa e nos damos conta do tempo perdido, e entramos pro grupo dos que passam o resto da vida se lamentando. Tem sorte aqueles que tem vigor e alegria para recomeçar.
Tem uma frase que ouvi, certamente não vou repeti-la com precisão, portanto, aceito correções: A geração dos anos 60/70 era, a dos anos 80 queria ser enquanto a atual parecer ser.
E vc, qual é sua opinião? Aproveite e faça uma leitura invertida, uma adaptação a cargo de cada um, convertendo para as pessoas que preferem não ter objetivos, que desistem da caminhada.