quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Eu sou feito de Você

Hoje me deu vontade de escrever, de ver quem vem aqui me ler, comentar... O tal feedback, na maioria das vezes, é mais interessante do que a publicação em si.
O legal é vc ler algo publicado anos atrás, é meio parecido com rever uma foto antiga, ou nem tão antiga... E se surpreender com as mudanças pouco notadas.
E textos são isto mesmo, fotos de um momento, de uma fase... E marcos do tanto de pessoas que passam por nossas vidas.
Já notou que somos um consolidado de "presenças"?
Por exemplo, vc talvez conte uma piadinha que aprendeu com alguém que nem se lembra mais... Ou um de suas célebres frases de oportunidade tenha surgido numa roda de amigos que o tempo esvaneceu.
Ou seja, por piores que tenham sido as rupturas, se ocorreram, vc ainda é composto por elementos da convivência.
É algo que jamais nos damos conta, ao menos não dimensionamos com a devida justiça, mas somos influenciados e influenciamos... Trocamos "matéria"... Por vezes boas, por vezes ruins...
Claro  que tem outro fator, o tempo... É como receita, algo cru se torna algo delicioso desde que sob as devidas condições de maturação, preparo. E vice versa.
Então, não existe só o "Eu", é provável que vc que lê agora tenha maior participação do que imagina na ideia por trás de um texto que leu e gostou (ou não).
Não a toa a gente se vê tanto nas coisas alheias, vem de todos os lados a "matéria" que nos compõe...
Simbiose?
Seja lá o que for, que nome quiser dar, que analogia quiser fazer, mas vc está aqui, em algumas palavras, em algumas decisões, que muitas lembranças.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Falsa Cordialidade

Já deve ter acontecido contigo... Vc numa fila, num corredor de supermercado, pronto pra tirar uma foto do filho na apresentação da escola... E chega alguém e age como se vc não existisse. No primeiro momento vc se incomoda com a grosseria, mas a pessoa, em algum momento, se toca do que fez e se desculpa, bem depois do estrago feito.
Cabe refletir, afinal, a boa cordialidade se dá bem antes, quando vc se policia, quando vc zela e respeita.
Cordialidade é ação, não reação.
Claro, antes se corrigir do que prosseguir no erro. Mas é tão comum o desculpar, pós dano causado, que penso como, na repetição, não se aprende.
Evidente que acontece, muitas vezes, por distração, mas a ausência de um freio prévio, de perceber como sua atitude invade direito alheio, é reveladora sobre quem somos.
Mais revelador ainda é a reação das pessoas com atitudes cordiais, banais que sejam, como ceder lugar, abrir espaço, aguardar, alertar, ajudar... As pessoas se assustam diante do "inesperado". Digo mais, algumas até desconfiam...
Fico pensando até que ponto devemos nos permitir à distração, por exemplo, dirigir com metade da velocidade recomendada para uma pista, sem perceber o frenesi que provoca logo atrás, conversar alto (muitas vezes revelando coisas que não devia) em ambientes mais reservados, se livrar de lixo na rua só para desocupar as mãos, fora os citados acima.
Quem é grosseiro, é e sabe disto, faz disto sua postura.
Mas aquele que tem noção e se descuida, se podemos chamar assim, que se repete no equívoco sem jamais aprender com isto, me causa especial interesse. Existe uma vantagem no distraído, mesmo com o ônus, eventual, do constrangimento. Então, pq não? Pra que se policiar? Pra que pensar antes se pode corrigir depois? Se vc é feliz, se consegue tirar aquela foto legal na festa da escola, se consegue pegar aquele último docinho antes que acabe, se foi atendido rapidamente... A vida deve parecer boa o suficiente pra não justificar mudanças, não?
A falsa cordialidade.
Como dizem, de boas intenções...
Tem um velho ditado que diz: "Quando apontares um dedo, lembre-se, outros quatro apontam pra si..."
É uma frase que me assombra, talvez por isto vejo com extremo cuidado quem age assim, os efeitos que causam... Não somos imunes, claro, mas podemos ficar atentos... Podemos ser o beija-flor contribuindo com algo maior.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Sou do Tempo...

Sou do tempo que redes sociais eram os papéis. Ali vc compartilhava seus desenhos, seus textos, suas poesias...
Qualquer papel servia, quem nunca ouviu falar do famoso papel de pão? De letras escritas em guardanapos?
Sou do tempo que a gente gostava de compartilhar, de ouvir histórias, de aprender...
Ninguém se preocupava em lacrar, em buscar entrelinhas para criticar, se estava ou não dentro do politicamente correto. Não existia marra (nem a palavra e nem o significado). Se alguém discordasse, se conversava.
Sou do tempo que a gente cometia erros, muitos. Que se ficava de mal, sem se falar.
Mas um tempo tb que se buscava o perdão, o retorno da amizade, a conversa.
Sou do tempo que a gente ficava na calçada até altas horas da noite... Conversando.
Um tempo que rapazes e moças conviviam, que era mais importante ser do que parecer. Onde as ideias e a amizade tinham valor. 

Não é um tempo tão distante, mas algo foi se perdendo e rapidamente. E a individualidade se tornou mais forte que o todo. Pq, no fundo, se trata disto.
Não que tudo fosse perfeito, nosso sonho era que o futuro fosse melhor, que não haveria violência, que haveriam mais oportunidades, menos ameaças, etc... Inocentes, eu sei.

Se diz que somos formados em caráter e convicções pelo que vivemos na juventude, quem dera, basta ver como a educação se perdeu mesmo entre os mais velhos, como a cordialidade se encolheu em algum canto, como o fino trato é coisa de livro antigo. Sim, somos fortemente contaminados pelo tempo que vivemos. Só não podemos deixar que contaminem tb nossas lembranças, como muitos tentam fazer, desqualificando o passado (não tão passado assim).

Se quer um registro de época, basta ver que músicas faziam sucesso em por qto tempo duraram. Pode não confiar no método, mas seus ouvidos agradecerão.
Outra abordagem é observar que uma das séries de maior sucesso na atualidade, Stranger Things, é ambientada nos "ingênuos" anos 80, principalmente na composição dos personagens e suas interações.

Talvez exista um mundo paralelo onde os sonhos tenham se realizado, o mundo tenha se tornado um lugar ainda melhor e as pessoas tenham se aproximado ainda mais. Pena que não tenhamos tido a chance de escolher em qual mundo seguir.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Tempos Modernos

É tentador se aventurar aqui a comentar os assuntos polêmicos da temporada, eles se sucedem de tal maneira que fica difícil acompanhar, mas dão bons cliques.
Na realidade, o que se sobressai de tudo isto é como se toma como verdade pra si algo que nem se deu ao trabalho de ler. Veja, falo de assumir como verdade pessoal e individual.
E se compartilha, se muda avatar em rede social, escreve textão, se repete com absoluta convicção aquilo que os outros repetem, no entanto, sem entender de fato do que se trata.
E isto é bem mais perigoso do que se pensa, fora ilustrar uma sociedade que não pensa, mas age por manada.
Dois jovem próximos foram associados à crimes que não cometeram, tiveram suas fotos e redes sociais compartilhadas e sofreram ameaças das mais variadas, um deles estava somente levando currículo para uma loja e teve a infelicidade de cumprimentar um dos "bandidos" de verdade, que por acaso conhecia de vista.
Anos atrás, bem antes da existência de internet e redes sociais, tivemos o caso da Escola Base, em São Paulo (me corrijam se algum dado estiver errado), onde um boato fez crer que os proprietários eram pedófilos, lembrando que os alunos tinham, salvo engano, menos de 10 anos. Dá para imaginar os efeitos, mas recomendo uma breve pesquisa que serve pra alertar sobre os riscos de "comprar" qualquer ideia.
Mais recentemente tivemos o caso de uma mulher morta por populares no litoral de São Paulo, vítima de um boato mal intencionado.
Poucos meses atrás situação semelhante ocorreu no Rio, por conta de um boato espalhando por uma rival, que só não terminou em morte por sorte e pela rápida intervenção da polícia.
Estamos falando de efeitos físicos, morais e emocionais, alguns danos não se corrigem, não são sanados.
É legal posar de defensor de uma ideia que garanta cliques e curtidas, ao menos na ótica de quem vive em função de redes sociais, mas existe muito mais conteúdo e informação para se compor uma verdade.
Me lembro que anos atrás era comum parar em bancas de jornais para ler as manchetes, jornais largados em bancos da condução eram disputados à tapa. Ainda assim, não se tratava do todo de uma informação, fora que hoje os jornais encolheram, se adaptando a leitura dinâmica, "fast food" dos tempos modernos.
Certamente a culpa não é da internet, mas do seu uso inadequado, agora mesmo recomendei usa-la para pesquisa.
Vivemos tempos de polaridade, onde a boa conversa fica em segundo plano, vivemos tempo onde só se aceita os que concordam, até comercial de cerveja já reconheceu o fato.
Seriam tempos melhores se retomássemos a boa conversa, a troca de ideias e opiniões, subsidiadas em informações, em leitura, em conhecimento.
Sou do tempo que se aprendia muito conversando, ouvindo. Então me assusta ver o que o mundo vem se tornando.
Tb dos velhos tempos haviam as "pílulas de sabedoria", sim, era possível passar sabedoria em pequenas frases, ditas por alguém num momento inspirado. Mas não existe "pílulas de conhecimento", isto não, não tem como se saber tanto em 140 caracteres, em uma mensagem compartilhada por desconhecidos em grupos do zap ou por textões que muitas vezes nem se sabe a real autoria, basta lembrar dos "famosos" textos de Luis Fernando Veríssimo e outros tantos autores, prática que ainda persiste pra envernizar conceitos.
Outra sugestão, para encerrar, pesquise sobre robôs da internet, scripts feitos para gerar informação em massa para atingir ou promover alguém, uma verdade ou uma mentira, um fato ou um boato. E não pense que é ficção, talvez vc só esteja compartilhando algo produzido por uma máquina e nem sabe, tudo pq não perdeu seus preciosos minutos pra conhecer mais profundamente os fatos.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Velas que se apagam

Tudo que vc faz aos montes não esconde aquilo que vc perde aos poucos.
Por mais que vc fuja, sempre haverá um monstro a te perseguir, um monstro que vc fez nascer e alimentou.
De que adianta fazer mil velas, se a que importa se apaga?
De que adianta plantar mil alqueires se aquilo que te alimenta morre por abandono?
Temos tantos medos que deixamos de viver, de viver um segundo que seja de felicidade.
Buscamos às sombras, abandonamos a luz, o calor, pra que?
Costumamos abandonas as coisas como se isto facilitasse à caminhada, até descobrirmos que era a bagagem necessária pra chegar onde queríamos.
Por quanto tempo ainda vamos fazer as escolhas fáceis, convenientes? Por quanto tempo vamos criar histórias para nos manter na zona de conforto?
Viver é errar, se temos medo de errar, temos medo de viver, é impossível desassociar.
O problema de manter as mão estendidas à espera de alguém que pegue é que um dia o braço cede ao cansaço, e é preciso seguir, numa caminhada onde dois perdem, dois se entristecem.
Nada que vc faça fica só consigo, sempre seus atos afetarão alguém, mesmo a ausência de atos.
Não acredite que pode de fato inexistir.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O Apequenar

Algumas vezes as coisas parecem meio confusas, de difícil explicação. Em busca de respostas que nunca chegam, desistimos de seguir em frente. Mas será que no fim não é mais do mesmo?
Nossa vida toda é feita de conflitos, de tomadas de decisão, de medos, de avanços e recuos. O que queremos nem sempre é o que podemos e nos tornamos exímios artesões na arte de fugir, de criar desculpas.
Os conflitos são de tal ordem que até as atitudes são conflituosas, por exemplo, pessoas inteligentes e espertas acabam agindo de maneira infantil, desordenada, mas não pq de fato sejam assim, mas pq é a rota de fuga mais segura, o famoso se fazer de bobo, só que pra nós mesmos.
A pergunta é: será que não é possível conciliar?
De novo usando os exemplos de nossas vidas, tudo no começo é confuso, parece que não daremos conta, mas com o passar do tempo, se torna natural. Medo? Sempre tivemos de quase tudo, mas superamos, não?
Somos capazes, basta querer e se permitir.
Qual a receita? A mesma de sempre, fazer tudo com calma e cuidado.
O problema é que quando envolve sexo, tesão ou só alguma intimidade, algumas travas de segurança se desarmam facilmente, ficamos abobalhados, descuidados.
Mas acreditar que será sempre assim é como acreditar que vai escorregar na casca de banana assim que vê uma.
Sejamos justos conosco, somos sim capazes de viver situações inusitadas, excepcionais e colher delas o melhor que há sem comprometer a vida que levamos. Em todos os exemplos negativos que vc possa apurar, haverá o descuido, a irresponsabilidade, a imaturidade. Mas exemplos servem pra isto, para ensinar o caminho das pedras.
Evidentemente falo aqui das coisas que realmente valem a pena, daquelas que são excepcionais, das que nos tornam maiores e mais felizes. Pq outro grande pecado é aceitar o pouco, o que não está na nossa altura. Mas não é tão difícil assim saber o que é justo pra nós, basta ter amor próprio, se gostar.
Não podemos é nos limitar, isto nunca. Se quer a excelência da vida, busque, supere o medo, faça do modo certo.
Não acredito que devemos nos apequenar e nos resumir só pq nos sentimos incapazes ou não merecedores de ter mais.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Tempos Estranhos

Antes, cabia aos pais educarem, hoje, são reféns dos filhos.
Antes, as escolas tratavam com os pais, hoje, atendem às vontades dos alunos.
Com quem fica, hoje, o papel de educar?