terça-feira, 25 de junho de 2013

Revolução.

Muito se acusou a juventude de alienada mas bastou ela protestar para tentarem descaracterizar seus motivos.
Diante das argumentações, fica fácil entender o pq de nossa sociedade aceitar pacificamente tantos desmandos e abusos das autoridades, tamanho o esforço de alguns em desmoralizar os últimos protestos.
Acusações de fascismo, de movimento de direita, de tirar do meio do bolo a presidenta e seu partido, transferência de culpa, lançamento das mais diversas iscas de distração, defesas assustadoras de questões que afrontam a maioria tem feito parte da marola anti-protesto.
Lembrando que os protestos só ganharam a massa quando as autoridades mandaram a polícia descer o pau nos manifestantes e, confiante em sua inalcançável posição, continuou autorizando a barbárie contra bons e maus. E ainda tem os que defendem os excessos da polícia.
Se é errado apoiar o vandalismo, por coerência devemos abominar a violência policial, que use sua força contra bandidos, nada explica a violência descabida que testemunhamos, isso sim é ditadura, isso sim lembra os bons e velhos tempos, se alguém acha que devemos revisitar a história, está ai um bom motivo.
Outra questão que tem sido parte da anti-propaganda é um suposto fascismo encoberto nas atitudes contra os partidos, com todo respeito, não vi ninguém ser contra o sistema partidário, mas sim contra os partidos que ai estão, esses não nos representam, essa é a mensagem. Se um grupelho defende teorias nazistas, fascistas, é outra questão mas, da mesma maneira que um grupo de arruaceiros não representam a maioria, um grupo de extrema direita não representa o movimento como um todo. Fora que é de um cinismo sem tamanho tentar se aproveitar dos protestos pra levantar suas bandeiras, se são justamentes eles, os partidos, que levaram o Brasil ao estado atual que motivou os protestos. Cara de pau tem limite.
E no meio do turbilhão, as trocas de acusação que parecem as briguinhas de criança quando quebram um brinquedo: foi ele, não foi ele... e se exarcebam na discussão. Considerando que um teve a chance de mudar o que o outro fazia e ainda assim temos protestos, a lógica diz que de nada serviu, nenhum dos dois serviu aos propósitos do povo, isto basta. Quem quebrou ou causou danos ao brinquedo se torna irrelevante, só prova que o modelo está errado.
Outra bela argumentação é de que os protestos são da classe média, mas quem pega ônibus lotado, quem apanha dos seguranças dos trens, quem enfrenta filas nas barcas, que não é estimulado a estudas pq ganha bolsa esmola, quem frequenta escolas sem condição, quem morre nas filas dos hospitais não é o povo? É ofensivo se argumentar que o povo está satisfeito, que só a classe média se manifesta. Tirou da pobreza quantos milhões? A custa de que? Quais serão os efeitos em longo prazo? Tigre asiático ou gatinho de sofá?
Vejo uma ironia nisto tudo, pq é justamente a educação esfacelada e as famílias desestruturadas que criaram os vândalos. Quando não se sabe distinguir um prédio de seus ocupantes, quando a cegueira da violência ataca, inclusive, aquilo que nos dá orgulho histórico, é só vandalismo ou resulta da falta de educação patrocinada pelo governo? Tudo tem efeito colateral.
Lançar os jovens na escuridão da ignorância, como política de governo, tem seus efeitos, e são tão confiantes de que serão capazes de administrar que continuam vomitando mentiras, usando os mesmos meios (redes sociais) que levantaram o gigante.
Não se deixe enganar, os protestos são legítimos, ele estava sendo gestado nas filas de bancos, nos ônibus lotados, no abuso dos preços, na cara de pau dos políticos que recebem em suas casas gente condenada, na falta de caráter e de respeito de gente que quer tirar o poder do ministério público, intervir nas decisões da justiça, que não tem pudor em aumentar seus salários e reduzir dos funcionários, que constrói o segundo estádio mais caro da história (com suas pouco disfarçadas cadeiras vermelhas) e não tem dinheiro pra manter um hospital, dar condições dignas de um professor dar aula, de oferecer material pra um aluno aprender. Não foram as redes sociais que acordaram o gigante, foi o burburinho diário, de quem começou a se inquietar com o nariz de palhaço.
Simplificar a causa é coisa de gente ardilosa, acostumada com o poder, viciada nas tetas e que não quer perder a boquinha. Basta ao cinismo, viva a revolução de jovens que acordam, se movimentam (sob bombas e balas de borracha), que tenhamos respostas à altura de nossos anseios.