quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Era das redes sociais.


Criamos perfis, escolhemos aquilo que queremos transmitir, filtramos o que queremos que os outros saibam. Redes sociais são vitrines estimulantes pra curiosos e para seus autores/criadores.
Certamente existe muito mais sobre cada pessoa do que o que se revela nas redes sociais, e não nos esqueçamos dos blogs, onde se tenta, em tese, transmitir os pensamentos e um pouco do modo de ser da pessoa.
É óbvio que o mundo virtual está muito distante do mundo real, afinal, se filtramos e escolhemos a dedo o que publicar, pq supor que ali se revela toda a pessoa?
Vc pode sim acreditar, com razão, que uma boa leitura permite tirar algumas conclusões, juntando com o que vc sabe do mundo real, vc consegue ter novos elementos sobre a pessoa, mas se resumir ao mundo virtual é de uma simplicidade de quem acredita, também, que o mundo o julgará pelo que vc posta.
De repente um conjunto de fotos, textos tirados de publicações, um curtir daqui, um comentário dali, uma postagem acolá e pronto, sabemos tudo que precisamos.
Parecer hoje é mais importante que ser. Ainda assim, se acredita que toda verdade se revela ali, nos perfis.
O interessante é que os recursos virtuais são evoluções ou distorções, depende do ponto de vista, do que já existia no mundo real. Antes eram as cartas, depois o telefone, agora o MSN ou e-mail. Antes os diários, agora os blogs.
Existe o bom uso das ferramentas virtuais mas, em alguns casos, os,perfis merecem até mais cuidado do que a própria pessoa, vc leva a salões virtuais, se preocupa com a decoração, com a posição de cada coisa, com as cores, procura tornar o “ambiente” agradável, causar uma boa impressão.
Mas esta imagem criada corresponde ao que vc é? Revela-se ali tudo sobre a pessoa? Não, mesmo que vc se esforce tanto, não. Um perfil jamais será capaz de expor tudo sobre vc, a realidade ainda continuará largamente de fora.
Como saber que vc está sofrendo? Como saber que vc precisa de um abraço? Como saber se vc dormiu bem? Como saber se vc está se cuidando? Pelo que vc escreve ou posta? Jamais, nada se compara ao contato real.
Mas, se por um lado tem a crença equivocada de quem cria, tem o exagero ou a ingenuidade de quem lê. Pq tantas pessoas acreditam em tudo que leem? Em tudo que enxergam ali? Não que sejam mentiras, mas pq, é óbvio, é impossível publicar tudo que de fato acontece e, com jeitinho, só se publica o que quer.
Sim, somos leitores ruins, parece que existe uma necessidade de aceitar aquilo até pra nos permitir “mentir” também. É tanta distorção da realidade que começamos a acreditar mais nos personagens que criamos do que no que somos.
Nossos personagens costumam ser melhores que nós (ou piores), mas não podemos nos tornar reféns deles. Perfis acabam, nós continuamos. Perfis desconectam, nós não.
Pressupor que toda verdade cabe num perfil é de uma ingenuidade assustadora, supor que tudo se sabe a partir do que se lê é crítico, pq quando perdemos a capacidade de reconhecer a realidade, quando nos desconectamos dela, o que esperar de nossas decisões?
Parece que nos esquecemos de que por trás de cada perfil existe um ser humano que tem uma vida com sabores e dissabores. Parece que nos esquecemos de que somos serem humanos. Precisamos olhar um pouco mais pra nós mesmo, precisamos buscar um pouco mais de humanidade do outro lado da tela.
Não sei até que ponto esta mensagem é capaz de mudar alguma coisa, é muito conveniente e agradável se resumir a virtualidade. Mas se for possível, não deixe de viver.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quem sou EU?

Vivemos em sociedade, submetidos a regras, modelos de comportamentos, devemos dar respostas conforme as expectativas gerais, buscamos satisfazer amigos, família, colegas de trabalho e onde ficamos? Onde o verdadeiro EU fica nisto tudo?
De tal maneira nos envolvemos nisto que perdemos nossa essência, perdemos a fluidez do que somos.
Temos respostas na ponta da língua, temos imagens detalhadamente construídas, sabemos num olhar o que os outros esperam de nós, sabemos intervir numa situação já sabendo de seus desdobramentos, somos o mais perfeito personagem da história, de tal maneira que o personagem ganha vida própria, dinamismo próprio mas, e o nosso EU, onde fica?
Quanta coisa deixamos pra trás, de quantas outras abdicamos pra sermos aquilo que a sociedade espera, nosso sucesso realmente depende da adoção de personagens? Será que o que escolhemos como rota pro sucesso realmente é aquilo que desejamos ter?
De tal maneira isto é enraizado, compõe nossa individualidade que fica difícil saber o que é verdadeiro ou falso, nem mesmo a felicidade é segura, afinal, o que realmente nos faz feliz?
Muitos tentam se transformar, mudar, voltar à forma original, mas somos escravos do que nos tornamos, não sabemos viver de outro jeito. Resta reaprender.
Não é uma implosão de tudo, talvez deva ser algo mais suave, mais natural, instintivo, ir deixando a verdade florescer.
Carregamos dentro de nós nossas verdades, nossa bagagem, nossas ferramentas. Costumamos chegar a certa altura da vida e revisar, olhar pra trás, buscar em algum lugar o que realmente somos. Algumas vezes é tarde, caminho sem volta, muito provavelmente pq nos recusamos a lidar com os fatos em outras oportunidades, fomos adiando, outras estamos no momento certo, preciso de virar a chave, seguir em outra direção, voltarmos a ser o que de fato somos.
É nesta hora que percebemos que não estamos sozinhos, percebemos que alguns estão conosco pq enxergaram o EU verdadeiro, pq o EU verdadeiro costuma pedir socorro, costuma deixar migalhas de pão no caminho, costuma estender uma mão em busca de outra que a segure.
Não tenho receita pra este momento, às vezes nos afastamos tanto que a volta é realmente assustadora, mas pequenas mudanças sempre restabelecem algumas verdades, nos revigoram, nos preparam pra algo maior.
Uma coisa é certa, somos mais felizes quando estamos em paz com o que realmente somos.