sábado, 10 de novembro de 2012

A Árvore do Amor

Um filme surpreendente e emocionante com atuações comoventes.
Está disposto a se emocionar?
:-)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Deixando para amanhã...

Quando eu era pequeno, minha mãe me contava uma história que tinha ouvido de minha avó, que por sua vez a ouvira de minha bisavó. Era sobre um jovem escravo chamado Pedro, molecote esperto mas analfabeto. Dia sim, outro também, ele aparecia na igreja pra pedir alguma coisa ao vigário que, preocupado com sua alma, sugeria que ele se confessasse e fizesse a primeira comunhão.
Mas havia um porém. Para receber o corpo e o sangue de Cristo, através da hóstia, na eucaristia, o guloso Pedro precisava jejuar. E aí a porca torcia o rabo. Sempre que o negrinho apontava na sacristia, a pergunta era a mesma:
— Está em jejum, Pedro? Pronto para se confessar e fazer a comunhão?
— Ih, seu padre, esqueci e tomei o café da manhã!
O número se repetia diuturnamente. Até que, já sem paciência, o vigário resolver escrever num papel a seguinte frase: "Amanhã jejua Pedro!". E, sabendo que ele era incapaz de ler e escrever, recomendou-lhe, em tom severo.
— Ao levantar, peça a alguém pra ler isso pra você. Assim que sair da cama!!!
E Pedro obedeceu. Todo santo dia, acordava com o papel na cabeceira, levava-o a alguém da casa grande que soubesse ler e ouvia:
— Amanhã jejua Pedro!
Todo feliz, o glutão retrucava:
— He, he, ainda bem que não é hoje...
 
Essa história é pouco nossa história, um pouco de cada um de nós.
 
Fonte: Coluna do Renato Mauricio Prado no dia 06/11/2011 - O Globo

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Olhar.

É muito comum nos surpreendermos com as diferenças de olhares, enquanto capturamos imagens que pra nós são preciosas, muitos diante da mesma imagem não compartilham as mesmas descobertas, ficamos solitários em nossa contemplação.
Tem sentido real e figurado, não é a capacidade de enxergar, mas de se encantar, de ver além, descobrir nuances, aspectos quase ocultos. Quase...
Quando gostamos de uma pessoa, a profundidade deste gostar vai corresponder a profundidade do olhar, quanto mais vc for capaz de mergulhar no outro, enxergar além do que é permitido ver, mais vc vai se encantar.
A realidade é que todos nós usamos máscaras, é uma imposição do mundo moderno, precisamos nos adequar.
Tb sobram reações defensivas, tais quais as casas e moradias, erguemos muros, reforçamos a proteção, impedimos que está do lado de fora de "conhecer" o que é nosso, o que somos nós.
São inúmeras as atitudes pra se proteger e, para tornar tudo mais fácil, a grande maioria se contenta com o que vê.
Para amar, é preciso ir além, ver por trás das máscaras.
Não significa que tudo a ser descoberto vai te encantar, na realidade, vc corre mais risco de se decepcionar. A verdade é que a maioria é bem sem graça, pq muitas máscaras servem pra envernizar, criar a falsa ilusão, induzir, talvez a maior habilidade do ser humano seja a de se fazer parecer maior e mais bonitos, pavões com suas caudas abertas.
Claro que o conceito do que é bonito e o que é ralo é bem pessoal, a busca é individual, o encanto é particular, poucos compartilham do mesmo gosto, da mesma capacidade de se surpreender, se encantar.
Considerando estes dois aspectos, o de que na maioria das vezes as máscaras enganam e que tudo envolve sua individualidade, poucas coisas te tocarão de fato, algumas raras vezes vc vai descobrir a riqueza por trás das máscaras.
Sendo a máscara um resumo bem elaborado daquilo que queremos parecer, é de se supor que por trás da máscara se esconde tudo aquilo que de fato somos, virtudes, qualidades, medos, inseguranças, desejos, ansiedades, vontades, curiosidades, meninices, maturidades.
Então, é comum, vc descobrir fragilidades por trás da força.
Doçura por trás da agressividade.
Sexualidade por trás da timidez.
É esta beleza escondida que vai te tocar, te atrair, te envolver. É a combinação de virtudes e defeitos, é sua capacidade de lidar com isto, de se completar naquilo que descobre.
Mas ai encontramos um problema, se alguém usa uma máscara, tem um motivo, será que vai lidar bem com a "invasão"?
Voltemos ao texto anterior, onde escolhemos aquilo que podemos lidar, que damos conta, que não nos cause dor de cabeça, que nada exija. A máscara é dimensionada para atrair somente aquilo que aceitamos lidar.
Mas quando expostos, naturalmente um universo se abre, de coisas que optamos em manter quietas, será que seremos capazes de ceder? De permitir ao outro fazer parte?
Usamos de todos os subterfúgios para manter as coisas em ordem, habilmente definimos as regras, as condições e tudo funciona bem, funcionamos pela metade, dentro daquilo que estabelecemos como apropriado.
Lidar com alguém que nos conhece além da máscara, com alguém que mexe com as coisas guardadas, que remexe nos baús empoeirados e, pior, nos ama por isto, é das coisas mais doloridas de se vivenciar. Não?
Os papéis de fato se misturam, hora somos o olhar, hora somos o que está sendo visto, descoberto. Nos dois papéis, somos violentamente testados, que caminho escolhemos? Manter a comodidade do velho projeto que vem funcionando e que mal nos exige pela metade, ou sermos intensos e nos permitir?
Quem olha tb precisa se decidir, ter a coragem não só de apreciar, se encantar, mas de buscar.
É onde somos mais falhos, na ausência de coragem.
Pq é tão difícil ceder? Se permitir? Encontrar um caminho, uma convivência, uma aceitação, uma cumplicidade, um compartilhar?
Temos tanto medo assim de falhar? Afinal, medo de que? Do outro e de nós mesmos?
Na minha opinião, temos mais medo do que somos, de não dar conta, inseguros e desabituados com nossa real natureza. O que o olhar do outro alcança são coisas que aprendemos a reprimir, manter escondido, são coisas das quais fugimos, não é fácil permitir ao outro que compartilhe, afinal, se nem nós mesmos nos sentimos capazes...
Mas tem uma possibilidade... Uma velha arma. O diálogo. Não o diálogo de sentar e conversar, este tem seu tempo e momento, mas o diálogo de tb mergulhar, olhar por trás da máscara do outro, buscar ali coisas que te passem segurança, confiança. Que sejam capazes tb de te encantar.
Agora, se mesmo assim vc insistir em manter a casinha fechada, só vc poderá lidar com as consequências, conviver com suas escolhas... Normalmente dizemos que somos capazes, nos distraimos com trabalho, com engodos, com pequenas mentiras, mas e quando elas acabarem? Quando vc estiver sentado(a) em sua varanda, repensando a vida, onde encontrará proteção contra os velhos fantasmas?