sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Crise do Profissionalismo.

Existe uma crise no mundo contemporâneo que afeta a todos nós, a crise do profissionalismo.
É contraditório por que o mercado de trabalho nunca teve tantos profissionais com qualificação, com muito mais anos de estudo e currículos bem mais abrangentes do que tempos atrás.
Então, o que causa esta crise?
Vou me arriscar a diagnosticar, até por que o intuito é provocar mesmo a discussão.
Anos atrás o mercado era tomado por gente sem tanta formação profissional mas, comparativamente, a sensação é de que as coisas funcionavam melhor.
Alguns diriam que hoje tudo é mais complexo e elaborado, no entanto, lembro que nunca tivemos tantas ferramentas a disposição, basta lembrar que substituímos máquinas de escrever e de calcular por computadores, papel carbono por impressoras.
Hoje o mercado é tomado por gente que estudou até no exterior, domina mais de uma língua, tem Pós ou algum MBA’s, no entanto a sensação que temos como beneficiários e usuários é de que para se conseguir algo é um parto.
Vamos pegar alguns comparativos, claro, correndo o risco de cometer alguma injustiça mas, reitero, o objetivo é provocar discussão.
A área de propaganda se tornou uma das mais concorridas do mercado de trabalho, é dos vestibulares mais concorridos e difíceis, no entanto, há quanto tempo você não vê uma propagando inesquecível?
Anos atrás discutíamos nas rodinhas qual era a melhor propaganda da temporada, elas popularizavam bordões, apelidos para os colegas, ganhavam prêmio, se tornavam até mais interessante que o próprio produto, você se lembrava da propaganda mas não lembrava do produto anunciado.
Propagandas antigas são dos temas mais buscados no Youtube, desde caranguejos e bichinhos de uma cerveja, meu primeiro sutiã, formiguinhas lançadas longe por uma caixa de som, fino que satisfaz e assim vai.
E hoje? É mais fácil discutir o que tal propaganda quer sugerir, mais comum tentarmos decifrar e criar grupos de estudo para desvendarmos a mensagem subliminar do que tecermos elogios encantados com a criatividade das propagandas.
Outra área que se tornou obsessão entre os vestibulandos são as áreas ligadas à informática.
Temos 39 milhões de usuários de internet, computadores vendendo como nunca, em todo lugar há um sistema controlando nossas vidas.
Se ainda controlassem de maneira decente, mas quem nunca sofreu com a perda de uma informação, com sistemas que não se “conversam”, com a queda do sistema naquela hora fundamental?
Temos profissionais demais na área mas parece que seguem a risca a Lei de Murphy:

“Sistemas complexos tendem a produzir defeitos complexos”
“Sistemas simples tendem a produzir defeitos ainda mais complexos”
“Sistemas a prova de idiotas só são usados por idiotas”
“Os computadores são os idiotas mais inteligentes que existem”.

Parece que por trás de cada dor de cabeça da vida moderna existe um sistema que falha.
Pode parecer exagerado, mas na virada do ano, quando estiver revendo os problemas do ano que termina, é provável que muitos deles estejam associados a um erro de sistema.
Uma das carreiras mais antigas no mercado é administração, e desta eu falo de uma posição confortável.
A grande discussão entre administradores é se prevalece a ciência ou a arte no exercício profissional. Não tenho dúvida que é a arte, basta ver que por trás de muitos casos de sucesso havia alguém que jamais cursou administração, não que seja desnecessário cursar, ao contrário, é através do curso que você refina sua técnica, amplia sua capacidade profissional, mas talento não se compra.
Convenhamos, está difícil encontrar bons administradores, mesmo os que não são formados mas exercem as funções típicas e, supostamente, chegaram ao cargo por méritos.
Quantas reuniões improdutivas, quantas decisões descabidas, quantos métodos fracassados, quanta incapacidade de lidar com o ser humano? Todos têm alguma crítica a fazer, tudo bem, sempre tem algum interesse nisso, mas muitas vezes as críticas são mais do que justas.
Pior quando as decisões conduzem impiedosamente um grupo para o abismo, para uma situação que parece sem volta e ficamos impotentes.
Mas olhando em volta você enxerga salvação? Vê alguém na equipe que acredita piamente resolver todos os problemas? Com sorte sim, mas seguindo o padrão, as possibilidades são tão ou mais assustadoras.
Eu poderia falar de várias profissões, posso ter esquecido alguma, mas estas, com pequenas variações, estão no dia a dia da maioria de nós.
É uma crise geral, você olha em volta e vê profissionais que não sabem se comunicar, que não sabem decidir, que não sabem combinar numa única ação todo conhecimento adquirido.
Um dos conceitos de inteligência diz que é a capacidade de combinar conhecimento adquirido.
É neste ponto que começa meu diagnóstico.
Conhecimento não falta, nunca se teve tanto acesso à conhecimento, mas poucos sabem lidar com tanto conhecimento.
Isto afeta nosso cotidiano, sejamos clientes, usuários ou profissionais de uma mesma empresa.
Sempre temos alguma reclamação a fazer, uma dor de cabeça para resolver que acaba se transformando numa noite mal dormida e se reflete por um bom tempo no nosso bem estar.
Erros ou falhas, de todos os profissionais, não só os mencionados como exemplos, não nascem do desconhecimento, são subprodutos da educação que estamos recebendo ou dando.
Cada vez mais desaprendemos a nos relacionar, a ceder, a negociar, a refletir, a agir como parte de um grupo social, nos tornamos egoístas, individualistas, isolacionistas.
Pensar “socialmente” significa tentar entender as expectativas dos outros, a compreender o mundo como um todo não um universo particular, a construir, decidir e/ou criar como parte de uma engrenagem onde é possível prever os desdobramentos e efeitos que nossa ação causará no todo.
São coisas que se aprendia em casa, na escola, éramos expostos a exigências e sacrifícios que nos ensinavam a observar mais, perceber o ambiente, conhecer mais as pessoas, para sobreviver e sermos aceitos precisávamos ser sociais ou, melhor dizendo, parte da sociedade.

E o que é Sociedade?
Conforme Aurélio:
1.Agrupamento de seres que vivem em estado gregário: sociedade humana; sociedade de abelhas.
2.Conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo; corpo social: a sociedade medieval; a sociedade moderna.
3.Grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns; comunidade: sociedade cristã; sociedade de hippies.
4.Meio humano em que o indivíduo se encontra integrado: A sociedade constitui-se de classes de diferentes níveis.
5.Relação entre pessoas; vida em grupo; participação, convivência, comunicação.

De repente estes conceitos ficaram tão distantes da prática, já não pensamos como grupo, é mais comum ações em bando, na realidade não sabemos pensar como parte de um grupo, não exercemos mais a complexidade do pensar como parte de algo, vivemos a simplicidade de pensar somente como individuo.
Vivendo assim, desaprendemos tantas coisas, como a sensibilidade do toque, o apuro da fala, a sentir pelo outro, a superar o fracasso, a sobreviver ao erro, a capacidade de perdoar, a saber dividir, a apreciar, a observar, a prever a reação a uma ação, a olhar bem mais que só o seu caminho tentando enxergar caminhos onde o prazer esteja no encontro, não na facilidade de percorrê-lo sozinho.
Desaprendemos tanta coisa que é impossível sermos bem sucedidos com tão poucos recursos para a sobrevivência.
Não me venham falar que o mundo está mais competitivo, o mundo sempre foi competitivo, antigamente a solução de uma discórdia era a morte, em outros tempos mal se completava 30 anos, morríamos em guerras, em disputas, no meio de traições, pestes, secas, etc.
A competitividade também é saudável, se foi causa de momentos negros também foi por tantas vezes uma das forças motrizes da humanidade.
Não se apeguem as explicações fáceis, não escondam o que de fato estamos nos tornando: individualistas.
Nos tornamos adeptos do simplismo, do nada complexo, tudo acessível e compreensível.
Como então ser capaz de tomar decisões complexas? Como então ser capaz de avaliar os desdobramentos de nossas ações? Como ser criativo diante das crises e dificuldades? Como então ser o profissional completo que tanto ambicionamos?
Talvez seja hora de rever alguns conceitos, talvez não esteja nas faculdades e escolas a explicação para a decadência do profissionalismo, é em casa que começa a se desenhar o profissional bem sucedido do futuro, cabe a nós criarmos desde pequenos o ambiente ideal para a formação do profissional do futuro.
Bom, é minha teoria, aberta a discussão.

:-) Espero ao menos que seja uma discussão produtiva.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Amor e a Ira.

Sentimentos opostos e que se definem conforme as circunstâncias. A base de todos os sentimentos é o amor, tão amplo que é a base da pregação de Cristo que revolucionou os conceitos de sua época até hoje, passa pelos gestos de caridade, amizade e ganha sua forma extrema no Eu te Amo.
À ausência de amor chamamos de Ira, que ganha outros nomes como ódio, raiva, nasce na rivalidade, nos opostos, que pode estar presente de maneira contida em relações do dia a dia ou explodir em medidas extremas como assassinatos, guerra.
Mas são as circunstâncias que definem o surgimento de um ou outro. Amor ou Ira dependerão de algumas circunstâncias, tanto que muitas vezes no decorrer do tempo experimentamos os dois sentimentos pela mesma pessoa.
Amores que terminam em ódio, eleitores arrependidos, torcedores frustrados, amigos traídos, convicções perdidas sem mencionar as possibilidades do caminho oposto.
E quantos amores deixaram de acontecer de maneira mais ampla por que simplesmente não se cruzaram na vida? Ou quando se cruzaram as circunstâncias não favoreceram? Muitas vezes só por que não estávamos preparados para descobri-lo.
São tantas as circunstâncias onde nasce o sentimento, mas é tão difícil realmente defini-lo na intensidade.
Mocinhas do interior se apaixonam pelos mocinhos da cidade, se casam, se mudam encantadas com as oportunidades até que o tempo passa assim como a mágica do momento inicial e se descobrem infelizes longe de quem realmente amam.
Nos apaixonamos por nossos professores e professoras por que naquela altura da vida são a referência que queremos perseguir, tão inteligentes e seguros, tão belos diante da sala cheia que silenciosamente acompanha cada fala, cada gesto.
Nos apaixonamos pelo artista da moda por que ele parece tão brilhante, tão acima do bem e do mal, tão pouco humano, tão irreal na sua capacidade criativa.
Nos apaixonamos pelos poetas por que eles dizem tudo que sentimos e pensamos de maneira tão precisa e bonita.
Nos apaixonamos quando estamos carentes, quando estamos fragilizados, quando no meio da tempestade interna que vivemos alguém que nos parece tão sóbrio e seguro surge com as mãos estendidas para nos tirar dali, existe tentação maior do que segurar aquela mão só pra sair disto tudo?
Nos apaixonamos quando não acreditamos na gente, quando nossa auto estima está em baixa e surge alguém tão apaixonado por nós que nos choca, surpreende e ainda sob efeito da novidade, entregamos nosso frágil coração em retribuição, ou seria sacrifício?
Nos apaixonamos quando tomados pelo terror, entre explosões aterradoras surge o herói impávido entre as chamas e nos socorre resoluto.
Nos apaixonamos pela mão firme e/ou carinhosa que nos domina, quem se impõe de maneira tão contundente que nos percebemos entregues e felizes.
Nos apaixonamos pelo jogador por que quando tudo parecia perdido ele fez o gol, a cesta, o ponto salvador.
Tantas circunstâncias que poderia passar horas escrevendo, se isoladamente são muitas, imagina então combinadas.

Já a Ira, como oposta ao amor, surge nas situações contrárias ou quando o efeito entorpecente da paixão passa, desde que não tenhamos a sabedoria de reconhecer à tempo o erro cometido.
O problema é que nas mesmas circunstâncias pode nascer o amor verdadeiro ou garimparmos o ouro dos tolos.
Não é culpa do amor, talvez nem seja nossa culpa, mas a vida é assim, cheia de armadilhas, na realidade a felicidade só é alcançada por quem é capaz de resistir a tentação do fácil, quem a persegue com obstinação, quem consegue dar ouvidos à voz interna que nos alerta.
Sim, nosso maior conselheiro está dentro de nós, sempre existe uma voz interna que sussurra ou grita, conforme a situação, nos alertando, é a mesma voz que comemora eufórica quando acertamos.
Quando tudo parece perfeito e, no entanto, não estamos felizes é a tal voz interna falando. Ou quando estamos experimentando os venenos da Ira, é aquela voz interna que diz que estamos nutrindo o sentimento errado.
Na maioria das vezes a tal voz interna não está dizendo que o sentimento está errado, está mostrando somente que está mal dimensionado.
Este é um dos motivos mais comuns da Ira tomar o lugar do Amor, é a descoberta do engodo, de sermos traídos, de não ser nada daquilo que pensamos, mas se ouvíssemos a voz interna, provavelmente não chegaríamos a este extremo, poderíamos corrigir os rumos e finalmente sermos felizes vivenciando o sentimento na sua real dimensão.
O Amor e a Ira serão sempre conseqüências das circunstâncias que nos envolve, está em nossas mãos evitar ao menos que o Amor se converta em Ira.
Eu acho fantástico viver o amor, experimenta-lo sem medo de errar, por que é através destas experiências que amadurecemos e entendemos mais sobre ele, que somos felizes, mas como tudo na vida, se errarmos na dose passa a nos fazer mal, pode se tornar o oposto do que era.
Vamos errar muito e talvez nunca consigamos aprender, mas sempre valerá a pena se arriscar desde que tenhamos a sabedoria de ouvir nossa voz interna, de reconhecer modestamente que erramos, ter a humildade de, em benefício próprio e de quem amamos, corrigir nossos “pequenos” deslizes.
Ame e não deixe nada estragar este sentimento, por que a Ira sempre estará à espreita numa de suas diversas formas.
O Amor é para ser vivido, dizem que experimentar um minuto de grande amor vale uma vida, nada vale tão a pena quanto amar, amar com respeito e sabedoria, como dizia Vinicius:
"Que seja eterno enquanto dure..."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Amigos paisagem.

O que são? Como diriam os antigos, são do tipo pau pra toda obra, sempre compõe o ambiente, nos fazem companhia, estão dispostos a tudo, estão nas nossas listas de amigos do Orkut, MSN, do celular. Basta um contato e pronto, está montada a equipe da missão, seja ela simples companhia, passeio, balada, cinema, farra até mesmo atacar prostitutas na Barra ou arrumar briga com grupos “rivais”.
Temos e somos amigos paisagens. Sabendo usar e/ou ser, teremos ótimos momentos.
Precisamos deles, eles precisam de nós, com o tempo mudamos, as relações mudam, mas os amigos paisagem continuam nas suas mais diversas formas, desde o colega de colégio até o(a) companheiro(a) de dama ou crochê.
Como remédios eles também tem bula, não curam todos os males, tem uso limitado, em excesso fazem mal, não se aplicam a todos os casos e alguns são até perigosos.
Os amigos paisagem compõem um ambiente onde concorrem ou convivem com família e os amigos, definidos assim todos aqueles que são mais do que companhias, do que membros de “equipes”, que estão presentes em toda e qualquer ocasião, mesmo quando tudo parece querer afastá-los.
No Eco sistema perfeito estes três grupos se convivem, não concorrem entre si, se complementam e tem o espaço certo para ocupar.
Se estabelecermos círculos em torno de nós, os mais próximos serão os amigos e família, a vida da gente sempre coloca ou um ou outro bem perto de nós, quando as pernas bambeiam, é ali que encontramos apoio. Os amigos paisagem estão lá, alguns mais próximos, outros mais distantes, mas eles são nossos elos com o mundo, oxigenam nossas vidas, quanto melhores, mais vida nos traz.
Alguns devem estar incomodados com a expressão amigos paisagem, tentei encontrar um termo melhor, mas acho que coube bem, não creio que diminua sua importância além de servir pra distinguir dos amigos naturais.
O que é paisagem? Tudo aquilo que nos cerca, nos preenche, que define o que somos e como nos sentimos. Não está tão perto que podemos tocar, mas está ao alcance para podermos percorrer.
Portanto, o amigo paisagem é importante, fundamental no nosso Eco sistema, é um dos pilares de nossa existência.
Todos tem relevância em nossas vidas, mas forçar a troca de papéis sem que seja algo natural jamais dá certo, nem sempre um amigo paisagem tem estrutura para ser mais do que isso, ou um amigo tem condições de nos acompanhar nas nossas aventuras, nem sempre alguém da família conseguirá lidar bem com nossos segredos a serem divididos.
O importante é que cada um seja valorizado, querido, receba nossa dedicação, sem que isso signifique sacrifícios dos outros membros do nosso Eco sistema.
Está na harmonia dos três elementos a nossa felicidade: amigos paisagem, família e amigos.
A vida, todos nós sabemos, não é feita só de alegrias, sorrisos, de dias de sol. Não temos um guarda roupa só para dias de calor, precisamos de roupa para dias de chuva, de frio e até de tempestade. Se não soubermos cuidar bem de cada peça de roupa, sofreremos.
E se as peças que compõe nosso guarda roupa não cobrem todas as ocasiões, cabe cuidar melhor, é nossa responsabilidade manter da melhor maneira cada peça de roupa que poderá ser útil quando precisarmos.
Mas às vezes as coisas saem errado, não cuidamos direito do guarda roupa e tentamos em vão adaptar as peças que temos, mas de nada adianta.
Podemos colocar a culpa em São Pedro, em algo que não estava a nosso alcance, mas será? Quando é tarde demais é fácil se eximir de culpa, nem sempre somos justos por que fugimos de nossa responsabilidade, lidamos mal com a idéia que somos os responsáveis pelo que nos ocorre.
Ficamos dedicados demais a um dos elementos de nossa vida, nos descuidamos de outros, as coisas dão errado somos pegos desprevenidos e não somos os responsáveis?
A idéia de Eco sistema funciona com a simples lógica de que tudo precisa estar harmonioso, se algo prevalece em detrimento do outro, vem o desequilíbrio. Mas quem faz as escolhas, não somos nós? Quem decide onde agir e o que priorizar, não somos nós?
Para alcançar esse equilíbrio o caminho nem sempre se mostra suave, mas isso justifica abandona-lo? Será que o caminho abandonado não criará mais dificuldades da próxima vez estando coberto de mato e impedindo a passagem?
Quanto tentamos reconstruir ou reformar os nossos caminhos, pagamos o preço do abandono, é menos trabalhoso nos dedicarmos sempre do que um dia precisarmos abrir a duras penas o caminho já fechado pelo abandono.
Ai voltamos aos amigos paisagem. Podemos contar com eles nessa empreitada? Você dividiria com eles os atalhos de sua vida? Os segredos do caminho? Eles estariam dispostos a te ajudar a superar os obstáculos?
Provavelmente não, e não é culpa deles. Na dinâmica da vida alguns amigos paisagem se tornam amigos e até se tornam família, mas é um filtro bem fino, bem apurado, como as peças de nosso guarda roupa, nem sempre cobrem todas as ocasiões, não é de bom senso ir de biquíni para o trabalho.
Portanto, cuide bem de seu Eco sistema, dedique seu tempo a cada pilar que mantém sua vida de pé, mesmo que em algumas ocasiões tudo pareça tão chato e difícil, você precisará fazer escolhas que resultem em equilíbrio e, consequentemente, felicidade.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O que nos guia?

A gente sempre acha que sabe o que nos motiva, o que desejamos, acreditamos piamente em nossos objetivos, convicções.
Mas ainda assim nos flagramos infelizes, frustrados, talvez não de todo, mas sempre surge uma nódoa.
Conscientemente fazemos escolhas que acreditamos serem as corretas, mas silenciosamente outros processos se dão, nem sempre na mesma direção das escolhas feitas.
Racionalizamos a vida, as escolhas, mas dentro de nós outros processos, talvez mais lógicos e verdadeiros, se dão.
Olhe a sua volta, se quiser, tente viajar pra dentro de si, veja quantas contradições.
Você vê pessoas vendendo idéias, convicções, tentando passar uma imagem, mas vira e mexe uma atitude denúncia uma fissura na construção.
É fácil entender, afinal vivemos um mundo onde a imagem se tornou mais importante do que se é de fato.
Você precisa ter uma imagem que é aceita, compatível com as expectativas de um grupo, mas e por dentro, qual é a realidade?
Nós tentamos nos prender a algum projeto, ter algum objetivo, mas só estamos escondendo a realidade, camuflando o que de fato sentimos e queremos.
O mais engraçado é que nem sempre isso é consciente, quem nunca ouviu falar em subconsciente?
Tem várias definições possíveis e eu não quero oferecer uma nova, não tenho essa pretensão (talvez subconscientemente eu queira ter uma definição arrebatadora e definitiva).
Fazemos escolhas baseados num argumento, mas subconscientemente o argumento é outro.
Quando adolescentes, onde ainda não somos tão bons em disfarces, inventamos mil desculpas esfarrapadas pra estar com alguém, seja pra pegar um livro emprestado ou pra perguntar algo banal, mas no fundo queremos criar uma situação quem mal entendemos e sabemos lidar.
Amadurecemos, aperfeiçoamos os disfarces, mas continuamos tomando decisão acreditando conscientemente em algo, mas subconscientemente o que desejamos é outra coisa.
É nossa natureza nos impulsionando, por mais vestimentas sociais, ainda existe dentro de nós um ser que quer ser livre, sem imposições, que quer seguir um caminho próprio.
Por mais terno e gravata ou tailleur que usemos, existirá dentro de nós alguém que se sente escravo destas formalidades.
Não que tenhamos uma selvagem dentro de nós, mas muitas vezes a formalidade tira a doçura da vida, acinzenta as cores, ameniza os aromas.
Queremos abraçar sem olhares críticos, queremos dar opinião sem sermos julgados, queremos amar e sermos amados sem nos preocupar com máscaras, tendo a certeza de que pelo menos delas estamos despidos.
É tão óbvia a ação do subconsciente em nossas vidas que o resultado disso é a desconfiança, a frustração, a insegurança.
O que podemos assegurar como autêntico?
Vejo gente fazendo escolhas que me frustram, tentam em vão me convencer dos motivos, mas são tão óbvias as motivações secretas. Nem creio que tentam nos enganar, porque é evidente o quanto se enganam.
Claro que corremos o risco de nossas próprias convicções estarem erradas, e a outra pessoa sim estar com a razão.
Mas muitas vezes as coisas são tão evidentes, as máscaras são tão imperfeitas, que é até difícil crer que a própria pessoa não vê.
Você sabe que vão se machucar, algumas vezes você deixa, é preciso.
Usam um termo para o fracasso: “Quebrar a cara”.
Só que junto com a cara vai a máscara, e é bom deixar as pessoas quebrarem a cara, afinal, nada mais útil para acordar para a realidade e as armadilhas do subconsciente do que umas quedas, uns bons tombos.
Mas algumas vezes você quer tão bem a essa pessoa que você tenta de todos os modos segurar-lhe a mão.
Se para a maioria você acha conveniente deixar “quebrar” a cara, para alguns você quer estar do lado, você faz de tudo até mesmo “quebrar” a cara junto.
É bom lembrar que escolhas erradas podem nos distanciar muito da nossa felicidade, mas escolhas devem ser respeitadas, assim como raras exceções devem ser aceitas, afinal, amar está acima de qualquer coisa, e dificilmente se abandona quem se ama.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Xadrez da vida.

Viver é um jogo de xadrez.
Quantas vezes ouvimos isso? Muitas.
Mas não é que faz sentido?
O estilo que adotamos define os resultados que obtemos.
Se abrirmos o jogo sem pensar, deixamos as portas abertas para ataques furtivos ou até mesmo mortais.
Se pensarmos demais em defesa, estaremos sempre sob ataque.
Se pensarmos de maneira imediata deixamos sempre algo desprotegido para eventuais ataques.
Se soubermos todas as estratégias de início do jogo mas não soubermos finalizar logo estaremos perdidos.
Se nos especializamos em finalizar, poucas vezes teremos chance de aplicar esse conhecimento já que podemos perder o jogo no início.
Se capricharmos demais no meio do jogo, corremos o risco de ficarmos sem saídas.
Xadrez não se assemelha a dama já cada peça cumpre uma missão, cada peça tem valor fundamental pra condução do jogo.
Não tem como menosprezar o valor e a eficácia das peças e seu potencial, sejam as nossas, sejam as do adversário.
Xadrez exige paciência, observação.
Exige percepção de oportunidade.
Exige capacidade de enxergar mais à frente.
Buscar fragilidades no adversários sem deixar ele perceber as nossas.
Muitas vezes é necessário sacrifícios importantes para alcançar nossos objetivos.
É preciso atenção contra o blefe, armadilhas, ofertas generosas.
Existe um único objetivo no xadrez: o Rei.
Não tem como mudar esse objetivo, não tem como eleger objetivos em detrimento do objetivo principal.
Pois é, quanta semelhança com a vida.
Observando mas atentamente o xadrez, aprendemos algo mais, não existe inimigo, do outro lado existe alguém que respeitamos, que procuramos conhecer, observar, aprender.
Existe até admiração.
Muitas vezes vivemos a vida como quem joga dama, damos valor igual a tudo, não temos um objetivo real, cumprimos meros rituais que se repetem sem inovação a cada “jogo”.
No entanto, viver é contar com o inesperado, com situações complexas, não existe simplificação que caiba numa única definição ou condução.
A cada ação, uma série infinita de opções novas se abre, tentar prever as mais viáveis é o que está ao nosso alcance.
Vivemos emoções diversas, de tensão à euforia.
Viver tem alguns dos encantos do xadrez, desejar que a vida seja um jogo de dama, como toda sua simplicidade ou, pior, tentar fazer da vida um jogo de dama pode te tirar o melhor da festa.
Apreciar o resultado de cada ação e os possíveis desdobramentos é algo único, encantador.
Não existe derrota quando se joga bem, existe aprendizado.
Você se levanta, cumprimenta seu “adversário”, sorri gentilmente e repassa todos os belos momentos da partida anterior.
Solta um sorriso ao perceber o erro que te levou a “derrota”, absorve e aprende, se torna um “jogador” melhor.
Seu adversário te observa e pensa: “Na próxima terei mais trabalho”.
O que faz um melhor que o outro é o aprendizado, a dedicação, o exercício da paciência, de saber medir os passos, saber alternar o ritmo, saber respeitar a complexidade do “jogo” e amar estar ali vivenciando tudo, percebendo todas as nuances do que tem em volta.
Evidentemente viver é muito mais do que um xadrez, não passamos horas sentados avaliando os próximos 20 movimentos, viver é jogar xadrez na montanha russa e não há nada comparável.
Não estou tentando resumir a vida a um jogo, até por que esse é o pior modo de encará-la. Mas se em tudo na vida podemos tirar lição, é com gosto e admiração que busco num jogo milenar referências tão interessantes. E sim, eu amo xadrez.
Viver com sabedoria aproveitando tudo que a vida oferece é algo sublime.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Deus não dá asas à cobra...

Algumas vezes fazemos tudo certo, perfeito mas não alcançamos o que era esperado.
Apesar do capricho e dos cuidados no passo a passo para alcançar determinado objetivo, nada conseguimos.
Ai vem aquela sensação de injustiça, raiva, até ódio da vida e de todos.
De fato poucas coisas são tão ruins quanto a sensação de derrota quando sabidamente fizemos tudo certo.
Mas...
Nem sempre é possível ganhar, por vezes é bom enxergar além de nós mesmos para compreender os fatos, às vezes o que é justo é algo bem maior do que imaginávamos, às vezes na busca de uma oportunidade para nós conseguimos uma oportunidade para alguém que precisava mais, até estava mais ameaçado.
Tudo bem, nem sempre é assim, muitas vezes injustiça é injustiça e pronto. Surge de alguém que se incomoda com nosso crescimento, nosso sucesso ou por simplesmente ter motivos para “privilegiar” outras pessoas.
Além de todas essas questões óbvias que não enxergamos na cegueira da ira, tem uma mais divina: “Deus não dá asas à cobra...”
Muitas vezes uma perda aqui ensina muito sobre como agir diante de situações parecidas, muitas vezes um recuo hoje significa ter condições de aproveitar uma oportunidade maior lá na frente e, certamente, algumas derrotas impedem que nos tornemos arrogantes, convencidos, cheios de mais da própria capacidade.
Às vezes é bom levar uma chinelada hoje para moderar nosso apetite, nossa conduta, muitas vezes seguimos um caminho de vaidade sem perceber, nossos gestos estão carregados de soberba e isso afeta, sem dúvida, nosso sucesso.
Evitar isso é sempre importante, não que façamos de maneira consciente, muitas vezes é até involuntária, mas fazemos.
Vitórias são deliciosas, mas também são transformadoras, e para quem não sabe lidar elas só trazem problemas.
Acredito piamente na justiça, nem sempre ela vem no nosso tempo, nem sempre ela acontece diante de nossos olhos, nem sempre ela parece proporcional por nosso ângulo pessoal, mas não resta dúvida de que a justiça sempre se fará.
É bom pensarmos nisso tudo antes de nos sentirmos derrotados, os ganhos de uma derrota podem ser bem maiores do que a vitória intencionada, devemos esperar a recompensa, a justiça por que ela certamente vem no tempo certo, nem sempre no nosso tempo, mas já que a vida é um aprendizado, ergamos a cabeça e sigamos em frente com mais esse ensinamento por que, desde que mantenhamos a conduta correta, chegaremos até nossos objetivos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Pequenos pecados.

Você já foi vítima dos pequenos pecados? Aquele comentário distraído de um amigo que te magoou, aquela fechada no trânsito sem querer, aquele desprezo inocente da pessoa amada?
É engraçado como viver envolve o risco de errar, erros que nem percebemos, que por algum motivo fere alguém mas nem nos damos conta.
Por vezes provocam reações extremas, radicais, mas a ação que deu origem nem ao menos é perceptível para quem as comete.
Dirigindo nas estradas você vê algumas barbeiragens, típica de distração ou mesmo falta de habilidade, mas que muitas vezes causam acidentes graves.
Fico imaginando quantos acidentes graves são provocados por manobras distraídas de pessoas que chegam em casa satisfeitas com a viagem tranqüila que acabaram de fazer, desconhecendo o estrago que deixaram pelo caminho.
Alguns fatos da vida podem ser assim resumidos, personagens de pequenas manobras distraídas que causam grandes estragos mas que nossa inocência permite manter a paz em nossa cabeça e a consciência tranquila.
De vez em quando um amigo, um colega, uma pessoa da família nos trata diferente e a gente nem desconfia sobre o motivo. No emprego, quantas situações criadas que afetam nosso destino, pelo menos o imediato, por ações inocentes.
Quantas impressões causadas, quantas certezas criadas, quantas convicções desfeitas ou afirmadas por uma frase dita, um gesto rápido, um movimento brusco?
É muito difícil se policiar a esse nível, talvez o melhor a fazer seja compreender quando somos as “vítimas” dos pequenos pecados.
É inevitável que no decorrer da vida se cometa uma série infindável de pequenos pecados, mas eles só se tornam grandes pecados conforme a leitura que se faz.
Talvez seja oportuno perdoar aquela frase dita num momento de estresse, aquele atitude brusca num momento de doença, a percepção de sermos ignorados quando a outra pessoa esta atribulada ou mesmo perdoar aquela distração de quem está cansado.
Isso não justifica, obviamente, gestos e atitudes intencionais, premeditadas, estamos falando de pequenos pecados, os cometidos inocentemente.
Como é usual na justiça, o dolo e a culpa, são coisas distintas, nem sempre temos a intenção de magoar, ferir, desagradar, fazemos isso em pequenos deslizes, imperceptíveis deslizes.
Também não se inclui nesse grupo o deslize freqüente, a brincadeira desagradável e persistente, o gesto grosseiro e repetitivo.
Julgamos o que é habitual e perdoamos o que foge a ele, se assim não agirmos, corremos o risco da injustiça, de cometermos um erro maior do que aquele que condenamos.
Escrever, por exemplo, é sempre assustador, por que você se coloca ao julgo do leitor, nem sempre o leitor é respeitoso ou mesmo bondoso com seus erros, equívocos, deslizes. Muitas vezes ele faz questão de encontrar algum motivo para criticar (dizem que os críticos ficam na posição confortável de criticar justamente por não serem autores de nada que possa confrontá-los).
Conheço tanta gente que deixa de expor o que pensa por medo dos julgamentos, por que sabem que pequenos pecados podem ganhar dimensões elevadas nas mãos dos críticos oportunos.
É, mundo complicado onde temos que nos policiar tanto, onde não podemos contar com a compreensão alheia.
Bom, tentarei fazer minha parte, tentarei me policiar não nos meus gestos, mas na forma que avalio os gestos dos outros. Claro que correrei riscos de, por distração, me exceder em algum julgamento, mas espero que também me perdoem, já anda tão difícil viver, é tão bom se permitir ao menos os erros leves.
Quem sabe seja um começo e os que leram meu texto acabem por perdoar os pequenos deslizes de alguém que tenta passar para as palavras o que pensa?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Saúde...

Na virada de ano costumamos desejar de maneira sincera a todos os entes queridos que tenham saúde, considerando que mais do que dinheiro ou qualquer outra coisa, só com saúde tudo se torna possível.
Em suma, é a saúde o que nos permite alcançar nossos objetivos.
Mas fica a pergunta: Porque na virada de ano ela é tão importante e nos esquecemos dela nos outros 364 dias?
Muitas vezes as coisas vão mal no trabalho, dentro de casa e não percebemos que é nossa saúde que pede cuidados. Reclamamos de tudo, encontramos culpados, nada parece render e ainda assim nem um olhar mais atento pra dentro de nós.

Voltando a virada de ano, se observarmos bem saúde é um conceito que funciona relacionado aos outros, enquanto externamos desejos de saúde, na nossa cabeça temos mil planos pessoais e em nenhum está um maior cuidado com nosso corpo e mente.
É a velha visão adolescente, somos infalíveis, imortais, acima do bem e do mal? Nada nos afeta, somos predestinados ao sucesso, uma máquina azeitada para atingi-lo e se acaso não acontecer, são fatores externos e não falha na máquina?
Uma palavrinha que se tornou habitual em nosso vocabulário: manutenção, algumas vezes combinada com a palavra preventiva.
Carro, equipamentos eletrônicos, casa e etc. Quando não é necessária a manutenção, fazemos a troca. Agora, nosso corpo, em que categoria se enquadra? O que necessita de manutenção ou a que permite troca?
Alguns dirão que não tem tempo, eu diria que uma máquina bem azeitada é tão produtiva que sobra tempo e disposição para tudo.
Outros dirão que detestam médicos e o ambiente que os cercam, pois é, eu também, confesso que não sou exemplo de “paciente”, mas tenho que humildemente aceitar que é necessário ceder.
Outros dirão que nada sentem, que tudo está bem, que é só um período negativo e que logo as nuvens negras irão embora e tudo ficará bem.
Isso sem falar nas justificativas sobrenaturais, nos ensinamentos de Buda, Confúcio ou outro sábio que vem tão bem a calhar, nos livros de auto-ajuda que surgem nas cabeceiras ou na famosa intuição que diz que algo bom logo virá.
Homeopatia, aculpuntura, curanderismo, alopatia. A milênios alguma forma de medicina, conforme a época e/ou cultura, diz que o fundamento de nosso sucesso está nos cuidados com o corpo.
Só para citar um exemplo, alguns especialistas dizem que o sucesso da seleção brasileira que chegou ao tricampeonato mundial se deve aos cuidados com os dentes. Pois é, eram os dentes mal cuidados que comprometiam o desempenho de nossos atletas, a partir do momento que passaram a cuidar, a seleção atingiu seus objetivos como tão bem conhecemos. Será?
É inquestionável o talento acima da média das três seleções que nos deram o tricampeonato, mas de fato devemos considerar que talento sozinho nem sempre resolve e estar gozando saúde plena permite que nosso talento seja usado ao limite.
Duas das medicinas citadas acima são conhecidas por valorizar o todo, não buscam tratar o problema em si mas as possíveis origens e ganham pacientes fiéis em virtude de seu zelo e sucesso no tratamento. Mas uma vez voltamos a lógica de que cuidando aqui, ganharemos acolá.
Parece que tudo na vida está associado como numa corrente, elos fracos afetam a corrente.
O corpo humano é a máquina perfeita (vaidade típica da espécie), como máquina vez ou outra exige recall, manutenção, cuidados. Como máquina dá sinais exteriores de que algo vai mal, sinaliza que uma das engrenagens vem afetando o restante.
Mas por que não conseguimos enxergar assim? Por que rejeitamos essa verdade absoluta?
Acho que tem uma hora que precisamos mudar alguns conceitos e encarar de frente nossas reais necessidades, já dizia Paulo Cintura – “Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa” – para aproveitar melhor o potencial de nossa “máquina”, vamos cuidar melhor dela?
Acho que é um bom momento para encontrar um espaço na agenda para nosso médico, quem sabe para aquele exame engavetado, quem sabe o nobre leitor ou leitora terá mais paciência na próxima vez para ler meus textos longos até o fim.
:-)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Antes um pássaro na mão do que dois voando...

Adoro frases, ditados, mais do que adorar, aprendi a respeitar, afinal, buscamos tanto ter referências em nossas vidas e elas muitas vezes estão diante de nossos olhos, num pára-choque de caminhão, pintadas num viaduto, pronunciadas por tios ou avôs, até ouvimos de nossa vizinha fofoqueira.
Tem uma que é mais antiga do que andar para frente: Antes um pássaro na mão do que dois voando.
Todo mundo já ouviu, provavelmente já usou em algum momento da vida, mas quantos realmente pararam para pensar em seu significado?
Bom, cada um vai fazer uma leitura pessoal, eu farei a minha.
Muitas vezes a gente conquista algo com solidez, e fica tão convicto de ter a “propriedade” que se esquece de manter.
Na faculdade era comum ouvirmos casos para exemplificar posturas, decisões, um desses casos era de um Rei cujo castelo se deteriorava por falta de cuidados, um dia uma fada surgiu para ajudá-lo e seu único pedido foi para que ela ajeitasse o castelo, ela então lhe deu uma varinha de condão e disse: essa varinha te ajudará nos problemas do castelo, basta você ir até o local do problema e usa-la. Convicto do poder da varinha o Rei passou a percorrer o castelo e solucionar todos os problemas, mal sabia que a varinha não era mágica, os problemas eram resolvidos a partir da simples presença dele.
Algumas vezes a certeza de ter conquistado algo nos faz relaxar, diminuir os cuidados, começamos a buscar novas conquistas esquecendo as anteriores. Outra frase boa sobre isso é a que diz que chegar no topo é fácil, se manter nele que é difícil.
Evidentemente não devemos nos estagnar, mas também não devemos usar as conquistas anteriores como meros degraus para as que se seguem.
Cada coisa tem um valor único em nossas vidas, uma história de conquistas, de beleza, uma história que não pode ser esquecida.
Mesmo quando você dirigir uma Ferrari você ainda vai se lembrar com ternura da primeira bicicleta de rodinhas, mesmo quando viajar o mundo se lembrará do encanto da primeira vez que viu o mar, mesmo quando se tornar o presidente da empresa se lembrará da alegria do primeiro salário.
Somos e devemos ser ambiciosos, isso é uma virtude, o defeito está em como agimos, que atitude temos diante da vida e das pessoas.
Quantas frases e textos dizem da carga que carregamos de cada contato que fizemos na vida, de cada colega, amigo? Você sabe quem te contou aquela piada que você adora repetir sempre que surge uma oportunidade? Você sabe quem te contou aquela história que você acha super interessante? Você se lembra quando foi que ouviu a primeira vez a frase base desse texto?
Inevitavelmente somos o somatório de nossas experiências e vivências, então por que insistimos em não olhar para trás?
Ah, sim, foi uma experiência ruim. Mas não te ajudou a jamais repeti-la? Pouco importa se foi bom ou ruim, faz parte de nós e não devemos negar. É natural olhar para trás e ainda se envergonhar com o que fizemos, mas também devemos pensar em como evoluímos a partir desta experiência. Eu me orgulho do que sou a partir do que vejo no passado, as perspectivas que tinha, os sonhos e até os projetos não realizados me motivam ainda mais, por que me sinto mais capaz ainda de realizá-los.
Fazemos tanta questão de olhar para frente que esquecemos do presente e do passado, esquecemos de viver, de fazer parte daquilo que nos faz bem.
Ficamos buscando a felicidade e às vezes ela está ao nosso lado, mas olhamos tão obsessivamente para frente que esquecemos de olhar para o lado ou mesmo para trás.
Olhar demais para frente nos trás a sensação de envelhecimento, é como dirigir do Rio à Brasília e na altura de Juiz de Fora ficar pensando o quanto falta, vamos achar que apesar de estar acima de cem ainda estamos lentos, mesmo com toda distância percorrida.
Vamos chegar a Brasília, pegamos a estrada certa, cuidamos bem dos meios para chegar lá, criamos condições, basta deixar acontecer, vamos contemplar a paisagem, bater papo com que viaja conosco, parar de vez em quando, descansar, ou seja, vamos aproveitar a viagem.
Viver é criar condições hoje para ter sucesso no amanhã, erraremos muitas vezes, mas antes errar agora do que no futuro.
Não sei por que nos cobramos tanto, queremos acertar sempre e isso é impossível.
Procure uma história de sucesso. Encontrou? Agora veja se essa história é feita só de acertos. Viu quantos erros foram necessários para o sucesso? Conclusão. Os vitoriosos são aqueles que souberam lidar com os erros.
Se fossemos perfeitos não teríamos escolas, conselhos, livros de auto ajuda, auto escola e etc. Simplesmente decidiríamos fazer algo e pronto. Sequer um erro, só sucesso.
Nossos corpos trazem as marcas, algumas quase invisíveis, do aprendizado, desde pequenos caímos, nos cortamos, ganhamos ovos na cabeça, pernas, braços, manchas roxas lindas para combinar com as roupas rasgadas na última travessura, foi assim que aprendemos.
Apesar de todas essas evidências, ainda achamos que podemos construir uma história de sucesso sem erros, ficamos obstinadamente olhando para frente que esquecemos de viver o agora e rejeitamos o passado.
Só que nesse processo você perde o amigo, a oportunidade, o aprendizado e, talvez, o grande amor de sua vida.
E tudo poderia ser evitado se tivéssemos prestado atenção numa única e velha frase: Antes um pássaro na mão do que dois voando.

sábado, 25 de agosto de 2007

Ser respeitado ou querido?

Quando eu era mais jovem, tempo de faculdade, primeiro emprego e todas aquelas descobertas que tanto torturam a gente eu queria ser amado e querido por todos e era sempre muito doloroso descobrir que alguém não gostava de mim ou, pior, me detestava, odiava.
Eu nunca entendia o porquê de despertar sentimentos negativos nas pessoas, por mais correto e gentil que eu tentasse ser não tinha jeito, sempre tinha alguém que eu não conseguia agradar.
Com o tempo e o amadurecimento pessoal e profissional descobri que mais importante que ser amado é ser respeitado.
Respeito se dá pelo que você é e faz de maneira autêntica, gostar é hoje quase uma mercadoria que se compra, basta você atender algumas exigências de pessoas, grupos e pronto, você é aceito e ganha o “carinho” que tanto procura.
Só que é algo sem profundidade, que ao invés de preencher te esvazia, te trás sentimentos difíceis de serem engolidos.
Já respeito independe do que sentem por você, mesmo que te odeiem podem te respeitar e até admirar.
Houve então uma reviravolta, passei a aceitar até o ódio alheio, desde que ele viesse do lado certo, afinal de contas, se você é correto e justo fatalmente vai desagradar alguém, e se esse alguém joga sujo ou tem atitudes incorretas não é dele que vou esperar amor, até por que depõe contra ser o queridinho da quadrilha.
:-)

Mesmo odiado, desde que respeitado, você tem uma proteção, um salva guarda que se mostra valioso sempre que você precisa.
No entanto, se você superestimar sua capacidade de ser justo, correto você pode se dar mal, são as lições da vida, em nossa vaidade sempre achamos que estamos corretos, que temos a razão, e aprendi a duras penas o quanto pode ser doloroso o tombo quando cometemos esse erro.
Pois é, complexa essa nossa vida, se achamos a sintonia fina perfeita de nossos atos estamos bem, mesmo odiados, seremos respeitados e, quiçá, admirados, mas basta errar a dose e tudo vai por água abaixo.
Hoje olho para trás, para alguns anos atrás e acho engraçada a transformação, de minha agonia com a opinião alheia para a relativa segurança de lidar com a raiva de outrem desde que respeitosa.
Mas existe algo mais doloroso do que tudo citado acima, é ser mal compreendido por quem se gosta, é despertar em alguém muito querido sentimentos dissonantes, é se esforçar em ser justo e correto com quem se quer o bem mas ser incompreendido despertando sentimentos tortos.
Quanta dor contida na incompreensão, talvez seja a dor maior com a qual lidamos em nossas vidas, tudo bem que às vezes o tempo se encarrega de aparar as arestas, mas como é doloroso passar por essas fases.
Ainda assim nada justifica vender a alma, deixar de fazer o que se acredita, desde que tenhamos a convicção do acerto, sem teimosia ou vaidade. Devemos fazer o que é certo até para o bem da pessoa, mesmo que ela esteja refrataria a idéia, mesmo que seja difícil para a gente agir.
Sempre respeito será um bem mais valioso do que gostar, ser uma pessoa respeitada sempre será melhor do que ser querida, mas melhor do que tudo é ser respeitada e querida pelas pessoas que importam.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Confiar desconfiando

Outro dia, no meio de uma reunião, percebi como somos capazes de sermos amistosos, gentis numa relação apesar do alto grau de desconfiança.
Afinal, somos falsos?
Fiquei pensando nisso e cheguei à conclusão que na maioria das nossas relações, talvez em todas, confiamos desconfiando, e é tão natural isso que não afeta o bem estar da relação, é inerente a relação humana.
Falamos tanto de entrega, confiança, mas no íntimo sempre existirá algum grau de desconfiança, algumas vezes insignificante, outras intensas, mas com a maturidade e a vivência aprendemos a lidar bem com isso, sem deixar que nossos atos denunciem.
O mais engraçado é que muitas vezes até se desenvolve uma relação pra lá de amistosa, ambos se reconhecem como “adversários”, ambos se desconfiam, mas o respeito e admiração são tão grandes que torna a relação até agradável.
Respondendo a pergunta: não, não somos falsos.
É sabedoria ter uma margem em qualquer relação, quantas vezes “amigos” nos decepcionaram? Em quantas relações nos demos mal por acreditarmos “cegamente” no outro? Quantas vezes fomos induzidos ao erro por dar alta credibilidade a alguém?
Já quando falamos de amor e similares a coisa piora gravemente. O amor, todos sabemos, é cego, qualquer coisa parecida com amor, mesmo que não seja cego tem alguma deficiência visual que afeta o discernimento.
As histórias mais cavernosas surgem envoltas por algum sentimento real ou pressuposto. Bom, não vou colocar nessa conta a história do chinês que namorou virtualmente um homem pensando ser mulher, só descobriu quando percorreu centenas de quilômetros para descobrir.
Mas quando somos possuídos por algum sentimento ou ao menos pela idéia da existência dele, ficamos sujeitos as análises mais distorcidas, a abaixar a guarda, a corrermos riscos que se reduziriam com o simples confiar desconfiando.
O ser humano não é flor que se cheire, somos carentes, vaidosos, necessitados, ciumentos, vingativos, ambiciosos e mesmo sem querer, a partir desses sentimentos, fazemos o mal. Ora somos os algozes, ora somos as vítimas.
Não estou condenando aqui a espécie humana, erramos e muito até aprender, errar pela vida toda sim se condena, mas errar e sofrer é o preço que pagamos pelo aprendizado, pela maturidade, pela felicidade a ser conquistada.
Seja no trabalho, na rua, na condução, na escola, nos relacionamentos quantas vezes agimos movidos por algum dos sentimentos citados acima? E quantas vezes fomos as vítimas até de pessoas que mais gostamos e até admiramos?
Claro que não agimos assim sempre de maneira premeditada, na maioria das vezes nem nos damos conta. Mas quando existe intenção, motivações ocultas, mesmo que haja algo positivo encobrindo, devemos ficar atentos.
Existem relações onde o bem e o mal se misturam, evidentemente o mal fica escondido, encoberto pelo bem, muitas vezes o bem é muito maior do que o mal, mas é o mal que vence. São os tais inimigos, rivais que se admiram, respeitam, até se gostam, mas existe uma missão, um objetivo a ser cumprido, nem que seja algo calhorda, maléfico.
É ai e em todas as outras situações que entra o confiar desconfiando, velha receita da culinária mineira, nada mais sadio e reconfortante do que isso.
Falsidade? Não. Sabedoria das mais finas.
Não que achemos que a índole do ser humano é ruim, mas por reconhecermos nossas fragilidades, nossa humanidade, aceitarmos que todos nós estamos sujeitos a falhas de julgamento, que todos nós estamos sujeitos a errar, que a vida é dura o suficiente para provocar equívocos.
Com isso também nos precavemos dos mal intencionados, dos que realmente tem índole ruim, dos que naquele momento, intencionalmente, são lobos na pele de cordeiro.
Pois é, lá estava eu numa reunião com um lobo na pele de cordeiro, conversa amistosa, educada, envolvente, mas não deixava de ser um lobo, bendita seja a culinária mineira.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Em busca do Pote de Ouro

Desde crianças ouvimos que no fim do arco-íris existe um pote de ouro, achamos fantástico, e nos deslumbramos sempre quando temos a oportunidade de ver um e ficamos imaginando como é possível percorrer o arco-íris.
Crescemos, mudamos nossos pontos de vista e o pote de ouro passa a ser nossa felicidade através de nossas realizações, passa a ser os nossos sonhos a serem alcançados.
Mas assim como fizemos quando crianças olhamos pro arco-íris e pensamos como é possível percorrê-lo e assim como as crianças ficamos só olhando sem nos arriscar, e resignados aceitamos a vida como ela é, sem ao menos tentar.
Mas quem disse que não existe o pote de ouro? Será que vale a pena desistirmos mesmo? Será tão impossível assim percorrer o arco-íris?
Eu diria que não, diria que é muito difícil, mas não tenho dúvidas de que ele está lá nos esperando.
Nunca vi nada de valor ser conquistado sem esforço, sem sacrifícios, mas já vi muita dor e tristeza duradoura por escolhas do caminho supostamente mais fácil.
Ai surge a velha pergunta: Entre o processo rápido e doloroso necessário para as grandes conquistas e a tristeza prolongada da acomodação, qual você prefere?
É meio parecido com a Fantástica Fábrica de Chocolate, se cair em tentação, se não confiar você perde tudo, mas se formos obstinados chegaremos ao Inimaginável, ao fim do arco-íris.
Deus, em sua sabedoria, nos fez humanos, cheio de ferramentas para o sucesso e alguns defeitos e nos deixou decidir como usar cada um. As escolhas que fazemos define o que conseguiremos, se preferir acentuar os defeitos, não terá muito que comemorar, mas se souber utilizar as ferramentas, logo estará do outro lado do arco-íris com faixa de bem-vindo e bandinha de música.
E o mais interessante, muitas vezes o que iremos descobrir sai melhor que encomenda, então vale a pena persistir, resistir aos períodos ruins, ser forte diante da tentação, ser batalhador quando tiver seus obstáculos.
Não são muitos os que conseguem, infelizmente, mas se você é do tipo ambicioso e gosta de ser diferente, que tal tentar ser um dos poucos que conseguiu atravessar o arco-íris?
:)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.


Para viver um grande amor (crônicas e poemas)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Dois Filmes.

Numa manhã, tomando café, procurando algo na tv (só tomo café vendo tv), encontro um filme francês (adoro cinema francês) que acaba me prendendo, apesar de já estar pelo meio não consegui deixar de ver.
Nesse fim de semana tive a chance de vê-lo desde o início, coisa rara já que dificilmente tenho paciência pra rever filmes recentes, prefiro intervalo de décadas, imagina então um filme que eu vi poucas semanas atrás.

Confidências muito Íntimas.
Anna (Sandrine Bonnaire) acredita que seu casamento está em crise e decide consultar um psicanalista. Por distração ela entra na sala errada e acaba confessando seus problemas matrimoniais ao consultor de finanças William Faber (Fabrice Luchini). Fascinado pela mulher e seus segredos, Faber persiste na farsa, muitas vezes sem ter certeza se Anna está sendo de fato enganada. Ao longo das supostas consultas, a dupla desenvolve um estranho pacto de dependência, passando a questionar suas vidas e suas relações amorosas.

Parece tudo tão irreal lido assim, mas basta você começar a ver o filme para perceber onde ele te toca, quanto ele diz um pouco de você.
Tem filmes que tem o poder de nos inquietar, mexer com algo que mantemos quietos, protegidos, algo que nos envergonha ou constrange.
Não dá pra falar muito do filme sem estragar o efeito, mas a questão da dependência citada na sinopse é o ponto central do filme, como nos tornamos dependentes de algo e como nem sempre estamos nos papéis que imaginamos, como precisamos de tão pouco para sermos felizes, apesar de sempre acharmos que falta algo.

No meu fim de semana cinéfilo também vi Capote, filme interessante, atuação merecedora de Oscar, personagem polêmico, um filme cheio de boas referências.
O que se colhe do filme é a reflexão de como, apesar dos sentimentos bons, muitas vezes não fazemos nada mais do que usar as pessoas.
É estranho esse processo porque acreditamos que o bem e o mal são água e óleo, não se misturam, ou é essencialmente bom ou essencialmente ruim, jamais enxergamos os dois agindo em conjunto, ora um, ora outro prevalecendo.
É mais um daqueles filmes que nos inquieta porque toca em algo de nossa natureza, o eterno conflito entre amar e usar, se é que se pode reduzir algo tão complexo a duas palavras.
É possível trair amando? Gostar de uma pessoa mas se beneficiar dela sem que ela saiba?
Vejo um tempo onde usamos demais as pessoas, gostamos sim, até amamos, mas nossos relacionamentos se baseiam mais em nossas necessidades e carências do que nos sentimentos.
Nos acomodamos, nos resignamos, dá trabalho buscar o grande amor então construímos o grande amor, pegamos alguém que já tem a estrutura básica, ou seja, alguém que gostamos, nos relacionamos bem, oferece algumas garantias e segurança, e começamos a moldar, transformar.
Bom, não vou fugir do assunto Capote, mas é interessante observar que até alguém que tem QI 215, que foi um dos escritores mais respeitados de seu tempo, que é uma referência intelectual do século 20 possa agir de maneira tão humana quanto nós meros mortais.
Isso nos permite errar desavergonhadamente? Creio que não, ainda tenho esperança que vale a pena lutar pelos nossos objetivos, sempre acredito que lá na frente está o que queremos, se fizermos escolhas erradas hoje, perderemos inconsolavelmente nossa felicidade.
Você ficou curioso sobre qual dos dois eu indico? Indico o primeiro, não que o segundo seja ruim, mas pelo brilhantismo com que o primeiro é conduzido e por instigar várias reflexões.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Despir um corpo a primeira vez é um conhecimento entre dois deuses.
Não se pode profanar o instante. E os amantes devem manter o ritmo dos altares.
Porque, embora nesses rituais haja sempre panos e trajes para agradar o Olimpo, é pra nudez total que o céu nos quer quebrar.
As mãos têm que ter um compasso certo. Um andante ou claro de Bach nos gestos, compondo a alegria dos homens e mulheres.
As mãos, sobretudo, não podem se apressar. Com os olhos, têm que aprender e, com a ponta dos dedos, contemplar os acordes que irão surgindo quando, peça por peça, o corpo for se desvestindo ao pé do altar.
Antes de se tocar com as mãos e lábios, na verdade, já se tocou o corpo alheio com um distraído olhar sempre envolvente.
E ninguém toca um corpo impunemente. Despir um corpo a primeira vez não pode ser coisa de poeta desatento, colhendo futilmente a flor oferta num abundante canteiro de poesia.
Nem pode ser coisa de um puro microscopista, que olha as coisas sabiamente.
Se tem que ser de sábio olhar, que seja do botânico, porque esse saber aflorar em cada espécie tem de mais secreto ou distante, o que cada espécie sabe dar.
Despir um corpo a primeira vez é conhecer, pela primeira vez uma cidade. E os corpos das cidades têm portas para abrir, jardins de pousar, torres e altitudes que excitam a visitação.
Quando os corpos se tocam por acaso, como se estivessem indo em direções diferentes, o que ocorre é desperdício.
Não se pode tocar um corpo impunemente. Para se tocar um corpo completa e profundamente, num dado instante, os corpos têm que se convergir.
E convergir com uma luz diferente. A descoberta do outro é isso, é convergência.
Despir um corpo a primeira vez é como despir um presente, por isso não se pode desembrulhá-lo assim, às pressas, embora a gula nos precipite afoitos sobre a pele ofertada.
Não se pode com as mãos infantis, descompassadas, ir rasgando invólucros, arrebentando cordões com gula que as crianças só têm nas confeitarias, antes da indigestão.
Um corpo é surpresa, sempre. É o que se vê nas praias, nessa pública ostentação, nesse exercício coletivo de nudez negaceada, em nada tira a eufórica contentação do ato, quando os dedos vão desatando botões e beijos, e rompendo as presilhas das carícias.
Despir um corpo a primeira vez não é coisa de amador.
Só se o amador for amador da arte de amar, porque o corpo do outro não pode ter a sensação de perda, mas a certeza de que algo nele se somou, que ele é um objeto luminoso que a outros deve iluminar.
Um corpo a primeira vez, no entanto, é frágil e pode trincar em alguma parte. E os menos resistentes se partem, quando aquele que os tocam os toca apenas com cobiça e nunca a generosa mansidão de quem veio pela primeira vez, e sempre, para amar .



Affonso Romano de Sant'Anna
É engraçado ler uma história da idade média, um conto de mil e uma noites, um texto da antiga Grécia ou qualquer texto com mais de 20 anos e nos vermos lá.
Seria sinal que apesar de toda modernidade, de todos os avanços continuamos sendo constituídos da mesma matéria? Ainda temos os mesmos sentimentos e sensação? As mesmas ambições e medos? Até os mesmos fetiches?
Músicas, cinema, livros e até desenhos pré-históricos acabam mostrando um pouco de nossa realidade atual.
Quem nunca se enquadrou naquelas frases típicas de avós: “Me diga com quem andas...”, “Antes um pássaro na mão...”, “Entre a cruz e a espada”, “Água mole...”, “Casa de ferreiro...”, “Santo de casa...”, “por fora bela viola...”.
Outra frase que adoro é a de um comercial de pneu: “De que adianta potência sem controle?”.
Se até frase de comercial está nos servindo, imagina.
Mas se temos uma longa história de auto-conhecimento, de sabedoria sobre a natureza humana, até em frases de pára-choque de caminhão, por que insistimos num caminho próprio? Por que tendemos a achar que temos a fórmula da pólvora? Por que achamos que conosco será diferente?
Dizem que os jovens sofrem mais acidentes por que se consideram imortais, mais do que isso, por que acham que sabem mais do que os outros.
O que se dirá de nós que achamos que temos a receita de sucesso de algo exaustivamente tentado por milênios e que sempre trouxe os mesmos resultados?
Eu sempre digo que não existem situações erradas, existem modos errados de se fazer, mas usar essa frase em benefício próprio é ser irresponsável, afinal, ela não se aplica a toda e qualquer situação, é um conceito bem mais refinado do que se pode pressupor a partir da frase.
Tancredo Neves, aquele que foi sem nunca ter sido Presidente do Brasil, usou uma frase pouco antes de morrer, com pequena adaptação mas infelizmente não fiel a frase era: “Sou moderado no planejamento para poder ser ousado na execução”.
Pronto, agora estamos tirando uma frase do contexto político e usando para nossa realidade, mas será que faremos bom uso?
Conclusão: se existem milênios de sabedoria a nos orientar, de todo lugar se tira sabedoria, acabamos adaptando às nossas conveniências, por que somos os Senhores da razão.
Adoramos citar Confúcio, Chaplin, Khalil Gibran, Luiz Fernando Veríssimo, Paulo Coelho e tantos outros mas somos incapazes de seguir, quer dizer, até seguimos, ao nosso modo.
Política, religião, artes nada mais são do que leituras feitas de um modo particular, citamos que nos guia, que nos referenciamos pelo autor tal, pelo pensamento tal, mas na prática estamos dando um entendimento todo pessoal. O que dizer do Comunismo e Karl Marx? O que dizer dos diversos entendimentos que se têm da Bíblia? E quantas variações de rock você conhece?
Acho que nosso maior desejo secreto é provar que está todo mundo errado ou que somos seres especiais, que somos feitos de matéria divina que nos torna capaz de tudo, inclusive de fugir da lógica batida de séculos de sabedoria e observação.
No íntimo no íntimo é o que desejamos, aceitamos de bom grado uma frase, um texto, uma idéia, um conceito, mas queremos mesmo é superá-lo, vencê-lo.
Mas será que dá certo ou como todos os outros que tentaram vamos acabar tendo que aceitar a verdade contida no que costumamos chamar de sabedoria?
Estou falando de sabedoria, de informação que se repete com pequenas alterações, você encontra a mesma sabedoria em William Shakespeare ou num pára-choque de caminhão, em Freud ou na folhinha do sagrado coração, em Platão ou no livrinho minuto de sabedoria, em Einstein ou naquela música brega que não sai de nossa cabeça.
Não estou falando da sabedoria de ocasião que a vizinha fofoqueira adora usar ou dos ensinamentos distorcidos que costumamos receber daquele tio safado ou da tia solteirona.
É bom distinguir que tipo de sabedoria vamos carregar pras nossas vidas, que tipo de experiências vão nos servir de referências, já que é recomendável aprender um pouco com as experiências alheias, que recorramos às fontes mais seguras.
Ainda assim somos incapazes de “ouvir”, escutamos, aplaudimos, replicamos mas não praticamos.
Fico pensando quando é que nos damos conta de que tudo aquilo que tentamos contrariar era verdade, vejo gente batendo cabeça a vida toda, será que vale a pena?
Só para lembrar, a verdadeira sabedoria não diz como fazer, ela ensina a decidir, a observar o momento, a enxergar a circunstância, não é um manual de instruções, não tem a rigidez de uma lei, talvez por isso seja tão tentador distorcer seu conteúdo.
Repetindo uma frase de outra postagem: “Os problemas são sempre os mesmos, as soluções que diferem”.
Orientar quando estamos diante de um problema é uma coisa, dizer como agir é outra, isso cabe a cada um, à sensibilidade de cada um, mas de antemão já sabemos as opções que temos, o que é certo e o que é errado, cair no erro de fazer o errado se “transformar” em certo é o grande perigo.
Para finalizar, um texto que gosto muito, simples e objetivo, quem sabe sirva para alguma coisa.
:)

"Um velho índio descreveu certa vez seus conflitos internos:
- Dentro de mim existem dois cachorros. Um deles é mau, o outro é bom e dócil. Ambos estão sempre brigando...
Perguntaram-lhe, então, qual dos dois cachorros ganharia a briga, e o sábio índio refletiu e respondeu:
- Aquele que eu alimentar"

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Quando me amei de verdade

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é...Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!
Desconheço o autor.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Coerência

Coerência talvez seja o maior de nossos desafios, é interessante como nos flagramos constantemente desmentindo coisas que falamos, acreditamos e fazemos.
Bom, isso se realmente nos preocupamos em sermos coerentes, o que nos permite ver com um olhar todo próprio e sermos testemunha da incoerência alheia.
Se tem algo que me constrange é ser pego numa incoerência, daquelas que não dão nem chance de defesa, por conseqüência, ser vítima da incoerência dos outros é das situações mais terríveis.
Quantas vezes você acompanhou idéias, pensamentos, atitudes fluírem de um extremo a outro como se fosse algo natural? As pessoas agem assim como se fidelidade de idéias e conceitos fossem desnecessários.
No entanto, existe outra variável, a tal idéia que teimamos em defender, apesar de todos os elementos contrários, com a desculpa de sermos coerentes.
Pois é, como tudo na vida é uma faca de dois legumes.
Uns brincam com as idéias e atitudes conforme a conveniência de momento, outros se prendem a idéias teimosamente independe dos fatores externos que a modificam.
Dizem que se o mundo fosse perfeito seria muito sem graça, é verdade, mas precisamos exagerar nas loucuras?
Ser coerente, desde que flexível, é necessário, suponho, para a confiança, para firmar amizades e relacionamentos, para orientar, guiar, manter, seduzir, encantar, servir de apoio, etc...
Porto seguro não é algo que indica constância? Constância não se assemelha a coerência?
Você viajaria de carona com alguém sujeito a mudanças repentinas de humor ou de decisão?
Seria capaz de manter longas e prazerosas discussões com alguém que em quinze minutos te desnorteia com idéias contraditórias?
Amaria alguém que é capaz de gestos espetaculares de amor (marketing) mas que não te dá amor aos bocadinhos?
Estamos órfãos de coerência, alguém nos ajude a localizar a mina desse tesouro, precisamos recuperar nossa sanidade e com ela nossa coerência.
Eu já falei aqui sobre confiança, só se confia naquilo que se conhece, que é estável, que até se consegue prever, em resumo, naquilo que é coerente.
Não é a resposta a todos os problemas mas serve de guia, vamos agendar um dia na semana para sermos coerentes, vamos nos esforçar para não cair na tentação de agradar A ou B modificando, mesmo que levemente, alguma convicção.
Vamos falar o que pensamos, com elegância, sem medo das eventuais críticas ou análises.
Vamos ser autênticos, de fábrica, sem retoques ou photoshop, vamos valorizar o que sentimos e não o que os outros querem que sintamos.
Ta bom, estou pedindo demais, estou dificultando, então que tal só algumas horas?
É, talvez a coerência não seja esse tesouro todo, talvez não valha a pena ser coerentes, opsss, acho que estou sendo incoerente...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Solidão e Diagnósticos...

Solidão: [Do lat. solitudine.] Substantivo feminino.. Estado do que se encontra ou vive só; isolamento; Situação ou sensação de quem vive isolado numa comunidade.

Transferência:.Psiq. Transferência (1) de um sentimento de um indivíduo para outro, como o que ocorre de um paciente para seu psicanalista, estribado numa identificação inconsciente.

Teimosia: Pertinácia exagerada. [Sin. ger.: teimosice.]

Diagnóstico: Conhecimento ou determinação duma doença pelo(s) sintoma(s), sinal ou sinais e/ou mediante exames diversos (radiológicos, laboratoriais, etc.). O conjunto dos dados em que se baseia essa determinação. [Cf. diagnostico, do v. diagnosticar.]

Sabemos que não existe verdade absoluta, existem verdades pessoais tal qual as roupas que vestimos, caem tão bem na gente mas não produzem o mesmo efeito nos outros.
Mas assim como as roupas, as circunstâncias exigem opções restritas, no inverno, roupa de frio, como você atenderá essa demanda é questão pessoal, se terá sucesso com suas escolhas também, o que é impossível é usar roupa de verão.
É nessa lógica que se esconde a verdade, ou como eu disse antes, os problemas são todos iguais, as diferenças se encontram nas diversas maneiras de se solucionar.
Abrindo o texto temos quatro definições que se cruzam diversas vezes em nossa vida.
Solidão, por exemplo, podemos sentir mesmo cercados de gente, podemos sentir solidão afetiva, de idéia, de ambições, etc...
Mas quero falar da solidão que nasce de uma circunstância especial, a que nasce de nossa teimosia, do diagnóstico errado que fazemos de determinada situação, é a solidão que ganha vida através de nossas idéias ou convicções.
Muitas vezes atravessamos uma fase difícil na vida, que diagnosticamos errado e acabamos transferindo (vide acima) a solução equivocadamente, e por mais que tudo indique o erro, nossa teimosia nos impede de corrigir, e acabamos envoltos nesse doloroso sentimento de solidão.
Quantas vezes você se sentiu sozinho com suas convicções? Você dirá que na maioria das vezes estava certo. É provável. Quanto mais observamos e pensamos, mais chance temos de acertar. Mas eu falo daqueles momentos que até mesmo você duvidou de suas convicções, mas escolheu “persistir”.
Só que persistir com diagnósticos equivocados só aumentam as chances de dar errado, olhando em volta é o que mais vemos.
O casal infeliz do 305 não resultou de diagnóstico errado de um ou dos dois? E aquele seu amigo que era tão leve e doce que se tornou amargurado depois de se envolver numa situação que todos viam ser a errada? E aquela sua prima que investiu tudo numa profissão inconcebível para o perfil dela que hoje anda rabugenta reclamando da vida?
Quantas e quantas pessoas a sua volta são infelizes porque persistiram no diagnóstico errado, transferindo todas as expectativas de felicidade para algo que não cabia a circunstância? Qual o resultado? Solidão.
Ou seja, buscamos a solução mas através de diagnósticos e escolhas erradas acabamos mergulhando mais fundo na causa de nossos problemas.
Por que com roupas nos preocupamos tanto com a opinião e experiência alheia mas quando se trata de nossas vidas nos fechamos dentro de nossas convicções?
Por que nos tornamos incapazes de dar ouvidos aos que nos amam? Por que nos tornamos tão refratários às pessoas quando vivemos as fases mais difíceis de nossas vidas?
Apesar da sensação, não somos ilhas cercadas por pessoas, somos pequenos arquipélagos, existem pessoas a nossa volta que naufragam com a gente, que experimentam os altos e baixos junto com a gente.
São poucos, é verdade, mas é melhor ter alguém que realmente nos queira bem, que nos ame de verdade do que querer abraçar a todos de uma vez. Quando a coisa aperta, quantos ficam? Será que vale a pena viver em função de muitos ou dar valor aos poucos e verdadeiros amigos em sua vida?
Por que somos capazes de agir querendo agradar a muitos, satisfazer a muitos ou sermos aceitos por muitos mesmo que com isso contrarie nossas convicções?
Por que quando mais precisamos ignoramos aqueles que realmente nos amam, as ilhas a nossa volta que formam nosso arquipélago?
Amigos de verdade não te vendem idéias prontas, combinações perfeitas de roupa, amigos de verdade te dirão com sinceridade se sua escolha é certa ou não.
Te apoiarão em toda e qualquer situação, e saberão te dar bronca se preciso for.
Então por que escolher a solidão do diagnóstico errado, da leitura errada dos fatos, da busca pela solução errada?
Afinal, a vida nunca foi uma caminhada solitária, sempre teremos a nosso lado quem amamos, mas a cada escolha, corremos o risco da solidão, de que adianta caminhar ao lado da pessoa errada ou atrás do objetivo errado?
Óbvio que isso não assegura o acerto, mas pelo menos sabemos que foi feito na melhor das intenções, que seja qual for a conseqüência, alguém estará do nosso lado pra ajudar.
É importante sabermos tomar decisão, mas é sábio ouvir, dividir a caminhada de nossas vidas com quem realmente nos ama e nos quer bem.

"A diferença entre o sábio e o esperto é que o esperto consegue sair de situações que o sábio jamais se meteria".

sábado, 28 de julho de 2007

Andrea Doria




Às vezes parecia que, de tanto acreditar


Em tudo que achávamos tão certo,


Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:


Faríamos floresta do deserto


E diamantes de pedaços de vidro.


Mas percebo agora


Que o teu sorriso


Vem diferente,


Quase parecendo te ferir.


Não queria te ver assim


-Quero a tua força como era antes.


O que tens é só teu


E de nada vale fugir


E não sentir mais nada.


Às vezes parecia que era só improvisar


E o mundo então seria um livro aberto,


Até chegar o dia em que tentamos ter demais,


Vendendo fácil o que não tinha preço.


Eu sei - é tudo sem sentido.


Quero ter alguém com quem conversar,


Alguém que depois não use o que eu disse


Contra mim. Nada mais vai me ferir.


É que eu já me acostumei


Com a estrada errada que eu segui


E com a minha própria lei.


Tenho o que ficou


E tenho sorte até demais,como sei que tens também...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Belo Sítio

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:

- Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o Senhor tão bem conhece. Poderá redigir o anúncio para o jornal?


Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:


"Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda".


Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.

- Nem pense mais nisso, disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha.


Moral da história: Às vezes não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros.
Valorize o que você tem, a pessoa que está ao seu lado, os amigos que estão perto de você, o emprego que Deus lhe deu, o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso, enfim tudo aquilo que nosso Deus nos proporciona diariamente para o nosso crescimento espiritual.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Uniformes.



Eu ouço sempre os mesmos discos
Repenso as mesmas idéias
O mundo é muito simples
Bobagens não me afligem
Você se cansa do meu modelo
Mas juro, eu não tenho culpa
Eu sou mais um no bando
Repito o que eu escuto
E eu não te entendo bem

E quantos uniformes ainda vou usar
E quantas frases feitas vão me explicar
Será que um dia a gente vai se encontrar
Quando os soldados tiram a farda pra brincar

A minha dança, o meu estilo
E pouco mais me importa
Eu limpo as minhas botas
Não sou ninguém sem elas
Você se espanta com o meu cabelo
É que eu saí de outra história
Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa
E eu não te entendo bem

Uniformes - Kid Abelha.
Década de 80 - Atual como nunca.

Moral da História.


SAPO N’ÁGUA QUENTE
Dizem que se colocar um sapo na água quente ele pula, mas se colocá-lo numa panela com água fria e ascender o fogo ele morre cozido porque não percebe a mudança de temperatura gradual.
(Para aqueles que não percebem o mundo mudando)

CINCO SAPOS NUM TRONCO
Num troco tinham cinco sapos, um decidiu pular. Quantos ficaram? Cinco. Porque aquele que decidiu, só decidiu, não agiu.
(Para aqueles que só tomam a decisão sem agir)

PASSARINHO COM FRIO
Um cavalo caga sobre um passarinho que estava morrendo de frio na neve.
Todo feliz com o calorzinho, o passarinho começa a cantar chamando atenção de um gato que acaba comendo-o.
Moral da história: Nem todo mundo que joga merda é seu inimigo assim como nem todo mundo que o tira da merda é amigo. Generalizar é pecado.

O PATO FAZ DE TUDO
O pato anda, canta, voa, nada, corre, mergulha, faz de tudo, mas faz tudo mal.
Até o produto, o ovo, dizem ser do pato, é um fracasso nas vendas.
(Para os faz tudo)

BRANCA DE NEVE
Todo mundo acha a Branca de Neve linda de morrer. Lógico, em sua volta só tinham anões e bruxa.
(Para aqueles que se cercam de “gente” pequena para se destacar)

PAPAGAIO PREVIDENTE
Papagaio quando levanta um pé apóia o bico, sempre está com dois apoios.
Pode andar, até voar, mas seja previdente.
(Para aqueles que se arriscam sem a devida precaução)

JACARÉ - DIA A DIA
Um engenheiro recém pós-graduado na Holanda foi contratado, por prazo determinado, para drenar as terras que um empresário comprara no pantanal. Depois de uma viagem cansativa, mas entusiasmadíssimo com seu primeiro trabalho entrou na beirada do pântano para instalar o tradicional teodolito. Quase foi comido por um jacaré.
Perdeu o segundo dia indo à cidade comprar uma arma.
Quanto mais matava mais apareciam jacarés. Desenhou, comprou material e instalou armadilhas e nada de acabar com os jacarés.
E assim por diante. Chegou a montar uma holding com diversas empresas especializadas em matar jacarés.
No prazo determinado o dono aparece e pergunta:
- "Como é que é, já drenou o pantanal?"
- "A drenagem ainda não começou, mas venha ver a “traquitana” que inventei para matar jacarés."
(Para aqueles que perdem tempo com o que é desnecessário)

GALO VELHO
O fazendeiro colocou um galinho novo numa granja onde um galo velho reinava harmoniosamente suas 100 galinhas.
O galinho já chegou gritando e expulsando o velho galo do galinheiro.
Por mais que o galo velho tentasse negociar a divisão das galinhas, até mesmo ficar com uma só num cantinho sem nem cantar pela manhã, o galinho, de peito muito estufado não cedia. O galo velho deveria abandonar o galinheiro virando comida de raposa.
O galinho só cedeu à proposta feita pelo galo velho em mantê-lo no galinheiro se este vencesse uma corrida, de ponta a ponta do galinheiro, podendo partir 10 metros na frente, corrida esta que deveria acontecer na manhã seguinte pontualmente às 10 horas.
No dia seguinte as galinhas, para assistirem, fizeram um corredor em toda extensão do imenso galinheiro. O galinho todo convencido gozava o galo velho que se colocou 10 metros à frente do ponto de partida do galinho.
Às 10 horas foi dada a largada, quando o galinho estava quase alcançando o velho galo ouviu-se um estampido, o galinho caiu baleado e o fazendeiro disse:
- "Já é o terceiro galo novo que compro que, em vez de ajudar o galo velho a cobrir as galinhas, sai correndo para comer o galo. Será que não tem mais galo macho?"
Mais uma vez as galinhas fizeram a maior festa para seu querido galo.
(Para aqueles que costumam esquecer o valor da experiência)

AVESTRUZ
O avestruz engole qualquer coisa sem se preocupar com o amanhã (como vai sair).
Acredita que tudo é verdade, age sem ponderar as conseqüências e se estas acontecerem basta esconder a cabeça.
(Para aqueles que são eternos inocentes)

O PORCO E A GALINHA
É muito fácil explicar o que é “comprometimento” basta contar que no projeto “bacon & eggs” o porco deu a vida enquanto a galinha somente o ovo.
(Para aqueles que acham que se comprometem ao máximo)

PAPAGAIO
O mineirinho esqueceu de comprar uma lembrançinha para dar para o compadre que o convidou para jantar. Agoniado com o costume da região acabou levando seu papagaio e dando de presente ao compadre. Algum tempo depois perguntou ao compadre:
- Então cumpadre, que tar o presentinho?
- Cumpadre, prá sê sincero aquel bichinho tinha muita cunversa, muita pena, mais carni qui é bom, nada.
(Para aqueles que acham que estão agradando)

O CORVO E O COELHO
Um corvo está sentado numa grande árvore o dia inteiro sem fazer nada.
Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:
- Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, porque não?
O coelho então, senta-se no chão embaixo da árvore e relaxa.
De repente uma raposa aparece e come o coelho.

MORAL DA HISTÓRIA
Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar sentado bem no alto.

A GAZELA E O LEÃO
Na África todas as manhãs, a mais lenta das gazelas acorda sabendo que deve conseguir correr mais depressa do que o mais rápido dos leões se quiser se manter viva.
E todas as manhãs o mais lento dos leões acorda sabendo que deve correr mais depressa do que a mais rápida das gazelas, se ele não quiser morrer de fome.

MORAL DA HISTÓRIA
Não faz diferença se você é a gazela ou o leão, quando o sol nascer "comece a correr".

FELPUDINHO RÁPIDO X FELPUDÃO SACANA
O coelhinho felpudo estava fazendo suas necessidades matinais e, quando olha para o lado, vê um enorme urso fazendo o mesmo. O urso se vira para ele e diz:
- Ei, coelhinho, você não se incomoda de ficar com seus pêlos sujos de cocô?
O coelhinho respondeu:
- Não, isso é normal.
Então o urso pegou o coelhinho e limpou o rabo com ele.

MORAL DA HISTÓRIA 1:
“Cuidado com as respostas precipitadas... Pense bem antes de responder”.

No outro dia, o leão, ao passar pelo urso diz:
- Aí, hein, seu urso! Com essa pinta de bravo, fortão, bombado, te vi dando o rabo pro coelhinho ontem!

MORAL DA HISTÓRIA 2:
“Você pode até sacanear alguém... mas lembre-se que sempre existe alguém mais filho da puta que você...”