quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vivendo mentiras.

Não sei o que nos comanda, não sei como funciona a natureza humana, ao que somos sujeitos no ato de viver. Sabemos, superficialmente, algumas coisas: Freud, fé, moda, cultura...
Não sei pq hoje escolhemos viver mentiras, acreditamos em cada coisa que chega a assustar.
Nada dura, nada é sólido. Se foge para o que não existe, se vive fantasias sedutoras, convidativas e, de tanto acreditar naquilo, damos publicidade, dividimos.
Muito tempo atrás a vida exigia tanto de nós, viver era um desafio que não permitia fugas, os pais se preocupavam com a educação dos filhos, respeitávamos uns aos outros, aceitávamos autoridade, corríamos atrás do que era importante, tínhamos amigos verdadeiros com quem passávamos horas de boa conversa, não havia os excessos do politicamente correto, era permitido pensar, podíamos ler Monteiro Lobato, podíamos sacanaear um ao outro e com isto aprender a nos defender, que a vida é feita de mão dupla, tudo que vai, volta.
Mas sempre havia um ou outro vivendo seus mundinhos cor de rosa, mergulhados neles de tal maneira que chocava.
Hoje estes mundinhos se cruzam, se conectam e ganham vida, quase real.
Como diz a velha frase, uma mentira contada várias vezes vira uma verdade.
Confesso que tenho medo, começo a me policiar, tenho medo de perder o rumo como muitos fazem, até pq nem sempre tem volta.
Antigamente era um desnorteado em milhares, hoje...
Qualquer flash de felicidade vale mais do que uma trajetória de vida.
O mais interessante é a força desta crença, são tantos que daqui a pouco os sãos irão começar a suspeitar da própria sanidade.
A Era da Insanidade.
Entregamos nossas vidas ao fantástico, ao ilógico, ao sem sentido, mas quem é capaz de nos devolver o bom senso?
Tudo bem, nos tornamos preguiçosos, é fácil criar leis pessoais, segui-las e pronto.
Julgar, compreender então é desnecessário, dá trabalho, basta uma olhadela e pronto, temos o perfil completo.
Tempos de redes sociais... Um avatar, um bom texto (a maioria colado e sem autoria confirmada) e passamos a existir.
Ai levamos nossa crença pra alguém, pra um grupo e todos, sem compromisso algum com a verdade, dizem que vc está certo.
E lá vamos nós rumo ao abismo, felizes e contentes, cordinha no pescoço, chão sumindo.
Fico pensando no futuro, quando a vida cobra sua conta, o que será de nós? Envelhecidos, cansados, frustrados. Arrependidos? Amargurados?
Pq o agora é mais importante do que o todo?
A vida média de um brasileiro gira em torno de 70 anos, nosso auge dura em torno de 10 anos, desconte os 15, 16 que não somos senhores de nossos atos, uns 4 ou 5 onde tudo é festa, sobra 40. Quarenta anos pra conviver com nossas decisões, nossos atos.
Exercemos tantos papéis em nossas vidas, temos tantas responsabilidades, sei o quanto isto assuste. Mas nossa maior falha é sempre conosco, ninguém vai carregar nosso fardo, seremos nós que teremos que lidar com nossas escolhas.
Entorpecidos pela "felicidade" do momento, nos sentimos capazes, como os jovens imortais, que descobrem da pior maneira que não são. E é lá na frente que saberemos a força do erro, da mentira que vivemos.
Será que vale a pena esta preguiça de pensar? Esta fuga eterna de fazermos escolhas? Aceitar como verdade algo que resulta desta preguiça, desta fuga?
Era da superficialidade.
Nada de profundidade, aceitamos consensualmente a superfície, compromisso silencioso de não ir além. Fingir que não vemos, que não sabemos, que não desconfiamos.
Engraçado como o medo da vida real nos empurra pra vida virtual, não necessariamente aquela que acontece somente na internet.
Cuidamos das drogas reais, as que promovem "viagens", e como lidamos com as drogas "virtuais"? Que distorcem nossa leitura da realidade, que promove verdadeiras e longas viagens?
Eu tenho uma crença, sofre muito quem é capaz de enxergar a realidade como de fato ela é, como as pessoas de fato são, conhecer o que realmente a vida nos sujeita.
Pois é, no fim é tentador viver uma mentira...

3 comentários:

Izabel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
atena de Eros disse...

Viver mentiras olhando superficialmente pode parecer mais confortável, não se é preciso assumir responsabilidades, lidar com questões que consideramos complicadas.
Mas escolher viver as mentiras é negar-se o direito de amadurecer, crescer, é caminhar um passo à frente e dois, três para trás.
Perdemos tempo dentro dessa insanidade ao invés de levantarmos e irmos a luta pela nossa felicidade, por nossas conquistas que trazem realizações não somente a curto prazo mas a longo prazo, pois a mentira é viver o momento, um momento que passa e à frente nos é cobrado.
O somatório de tudo o que fazemos e vivemos é importante para traçarmos nossos caminhos e fazermos nossas escolhas.
Viver a verdade tal qual ela é parece ruim, doloroso mas compensatório no final, pois é sempre melhor que a "ilusão" da mentira.

Casa de Mariah disse...

. Estima-se que 2 bilhões de pessoas, espalhadas pelo mundo nas mais diversas "realidades", acompanharam "ao vivo" o casamento real acontecido no último dia 29.
. Tenho amigas, "trintonas", abrindo mão de carreiras, até certo ponto bem sucedidas, para se dedicar a vidas "confortáveis", que não são propriamente, a vida delas.
. Conheço pessoas que têm mais de um perfil no facebook, so para terem na sua lista de "amigos" um número mais representativo de contatos.
. Já ouvi dizer que existem grupos que fazem "happy hour" virtual.
. Quem irá defender nossos filhos do "bulling" da vida real?
. Não consigo "curtir" todas as crises de TPM que "minhas" contatos largam no meu facebook. Muitas vezes fico constrangida de dizer que tenho um facebook.

Seus textos são como pijamas velhos! Tão confortáveis pra mim...
Beijos
...continuo sendo sua fã!