quinta-feira, 6 de março de 2014

O Pacto.

Quem já ouviu a história de Robert Johnson entenderá meu argumento.
Um resuminho pra orientar: Johnson é um dos músicos mais influentes do Mississippi Delta Blues e é uma história recorrente sugere que Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada.
Às vezes me pego tentando entender a carreira de determinadas personalidades que fizeram grandes coisas em determinados momentos e, depois, jamais conseguiram se repetir, se perderam em alguma encruzilhada do caminho.
Na minha adolescência, quase toda rádio tocava Peter Frampton, mas o que me chamava mais atenção era o fato de ser um único sucesso, me perdoe se algum fã de carteirinha conseguir citar outro grande sucesso, mas isto marcou minha história musical.
Mas ele não foi o único, alguns até tem um bom repertório de sucesso, mas quando vc vai ver o resto da obra, uma continuidade, nada.
Estou falando de todas as áreas, apesar de ter citado músicos, mas isto vale para artistas em geral.
Primeiro, devemos considerar, que a pessoa realmente fez sucesso, conseguiu reconhecimento por alguma obra ou conjunto, não estou falando de sub celebridades.
É o tal cara que vc admira, reconhece, teve o impacto de conhecer sua obra e ter aquela sensação de que coisas boas ainda viriam. Mas, passa o tempo, nada.
Não vou citar nomes, apesar da tentação, mas acabaria deixando alguém de fora, até pq isto tb envolve gosto pessoal, acesso a informações, estilos, etc.
O que me leva de volta ao Johnson, será que tudo se explica com os tais pactos?
Vc faz um pacto, consegue produzir algo inesquecível, marcante, verdadeiros registros históricos, até que passada a validade do pacto, vc volta a ser um humano comum, sem o talento que te elevou as alturas. Seria isto?
Um atleta depende do físico, então, ninguém questiona seu decréscimo de talento, atuações, etc.
Mas um artista? Não tem uma explicação razoável. 
Vc vê filmes atuais com aqueles atores consagrados que são deprimentes, não entende como o cara se submete àquilo.
Vc ouve aquela música e é impelido a trocar de rádio, mudar a faixa e olha que é de um artista que vc adora.
A tal da vergonha alheia...
Um artista, por sua obra, se recomenda, mas tb causa grandes frustrações, tamanha a expectativa que cria.
É tentador encher aqui de exemplos, mas vou me conter.
Ao menos um, tudo bem? Quem não lembra daquele grande diretor de cinema que estreou com uma obra prima, aquele grande filme de suspense em décadas e nunca mais conseguiu se repetir, fazendo uma ou outra obra que, no máximo, se aproximava?
Parece que os pactos exigem algum cumprimento de exigências pra se manter efetivo e que muitos não conseguem, é uma pena, pq nós tb perdemos.
Vejam que falo de pacto, não cito com quem, afinal de contas, nada impede que outros pactos possam ser feitos, o que se discute aqui é a duração de seus efeitos, como a poção do Asterix, será que anda em falta, será que a produção não atende toda a clientela ou falta empenho mesmo em se manter dentro do acordado?
*:) feliz
Eu tenho um tanto de lamento nisto, pq vc sempre espera mais de onde vem coisa boa. Até pq anda complicado, convenhamos, parece que o pacote mais popular de pactos é fazer sucesso com qualquer porcaria, haja massacre da qualidade e do bom gosto.
Rostinhos bonitos é que não faltam, todos com sua cota de sucesso. Será a onda do pacto da bruxa que consome os outros pra se manter bela? E tal maquiagem vale pra tudo, vc fazer aquela música tosca virar sucesso, aquela atuação medonha ganhar Oscar, a voz limitada te transformar na maior cantora de um país.
Como diz a letra de uma certa música: "O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado. O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos"
O mundo anda tão estranho... *:( triste
Bem, mas isto nem é relevante, o que me causa preocupação é que tanta gente boa de fato não consegue se repetir, não estou falando de alguém com mais de trinta anos de carreira, cansaço conta, claro, mas de gente que mal começou a dar os primeiros passos, de gente que começou a conquistar seu espaço e logo se perde, não se sustenta.
É uma pena pq deixa o horizonte sombrio, sem boas perspectivas.
Bons eram os pactos do passado, ao menos duravam mais.
Claro que falar de pacto é uma brincadeira, mas realmente causa estranheza que as coisas boas hoje durem tão pouco. Se alguém tiver um antídoto ou poção que faça o efeito durar mais, avise, não podemos desperdiçar oportunidades.
*;) piscando



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