quarta-feira, 4 de julho de 2012

As questões da paixão.

Dizem que o amor é cego, dizem que devemos mergulhar numa paixão, falam de amor sem limites, mas será mesmo que somos capazes de ir tão longe?
Uma amostra que as coisas podem ter limite é a paixão platônica, vc fica na sua só curtindo o outro e nada de ser arriscar a se machucar, sofrer.
Outros evitam a todo custo se meter com isto, nada de se apaixonar, amores eternos ou qualquer coisa que lembre histórias de romance.
O óbvio da história é que tudo depende do outro, seja o espaço concedido, seja a recíproca, a confiança, ou seja, mergulhar em algo intenso sempre dependerá do outro, do quanto vc pode confiar no outro no sentido de lidar com toda intensidade envolvida.
Vc pode ter muita energia, mas o quanto poderá explora-la dependerá do quanto o outro te deixar confiante pra isto.
A sabedoria diz que vc deve conhecer bem o terreno onde vai erguer suas construções, sem bases sólidas, nada se sustenta. Grandes construções exigem bases bem seguras, não?
Como se trata de algo feito a dois, o confiar vai além, vai na percepção do quanto o outro saberá lidar com o todo, no quanto vc pode compartilhar e na capacidade do outro de lidar com isto, ou seja, não só com a própria carga, mas com a que vc levará consigo.
Não é discutir que gavetas cada um vai usar, é ter a sensibilidade de, mesmo sem palavras, saber até onde podem ir, como chegar lá, sem perder os caminhos de volta.
Cumplicidade, que tanto se fala, é ter comprometimento com um "projeto", é pensar no par, é dançar, fluir como se fossem um. É segurar um a mão do outro e seguir, sabendo que pode contar, que se um tiver dificuldade, o outro se sustenta, lida, mantém.
Esta confiança no outro é o verdadeiro limite da paixão, ou vc se declara às cegas sem esperar recíproca? Mesmo apaixonado, sempre tem o medo de "forçar" demais, de ficar aquém, de não saber expressar o sentimento, de impor um peso que o outro não suporte, de ser leve demais, etc...
No fim, sempre haverá boas doses de razão agindo, em algum momento, mesmo para o mal, a razão age. Sim, pq a "razão" pode ser o motivo para sua covardia ou para seus excessos.
Mas como falar em pensar como se fosse um num mundo tão egoísta, possessivo? Num mundo onde a aparência conta mais do que o que de fato se é? De novo, um limite se impondo.
Temos a experiência deste amar ilimitado e sem medo com pais, avós, filhos... Aos menos deveríamos, mas se existe um ambiente propício para experimentar é justamente com eles.
Mas é tão difícil experimentar este mergulho no abismo com outro quando não se sabe se existe uma rede lá embaixo, ou quando não se sabe se o outro conseguirá manter o vôo contigo ou, pior, quando não sabemos se nós mesmos somos capazes...
Eu diria que tudo depende da leitura, da boa leitura, se vc faz a leitura certa, vc curte e aproveita bem o que sente, pq vc dimensiona bem e, de maneira madura, vc vivencia esta experiência única. Afinal, não é de todo ruim sentir, se apaixonar, mesmo que vc não consiga ter tudo que desperta dali. Com a leitura certa, vc pode sim se entregar e vivenciar em toda intensidade, de maneira real, sem fantasia ou ilusão, sem histórias de romance.
Só não faça por carência, modismo, necessidade. Não seja refém das expectativas, suas e alheias, viva o que for verdadeiro, se permita. Experimente dentro do tamanho certo, nem mais, nem menos, é um momento único quando é real.

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