sábado, 14 de julho de 2012

Parceiro ou refém?

Em nossos relacionamentos somos aquilo que aceitamos e estabelemos para nós. O que permitimos ao outro, o que nos mantém ligado ao outro determina nosso papel.
O relacionamento mais maduro, mais bem resolvido envolve parceria, claro que tem muito mais aqui, que faz com que esta parceria funcione, mas o que cabe é observar como deixamos isto escapar entre os dedos e nos tornarmos dependentes do outro, como abdicamos ou nos perdemos de tal maneira que nossa individualidade e felicidade se deteriora, como nos tornamos reféns do outro.
O papel do outro nem sempre é forçado, voluntário, ninguém se auto estabelece no controle de uma relação sem que haja um permissão, ou melhor, uma ausência que defina os contornos da relação.
O amor é um bom motivo pra que as coisas caminhem assim? Não se for compartilhado, maduro, o amor entre duas pessoas é base da parceria, da troca, não de uma relação onde um se submete, se resigna com seu papel.
É preciso estar confortável na relação, nada temer, não estar condicionado, não ter condições para que a relação se mantenha.
Mas pq tanta gente aceita isto?
Boa pergunta, mas de resposta nem tanto difícil. Se bem que são muitas alternativas: carência, insegurança, medo, aparências, dependência...
Mas, se olharmos bem de perto, a maioria das respostas não cabem, as pessoas enxergam o mundo de forma muito própria, e nele elas são peças frágeis da engrenagem quando, muitas vezes, elas são as engrenagens principais.
Nessas fantasias, muitas vezes pensamos que somos nós que estamos no controle, até que...
Quando intencional, o grande truque do "seqüestrador" é inverter os papéis, induzindo o outro a se perceber de outra maneira, mais fragilidade, em outra palavras, alguém que não terá chances melhores sem " ele".
Grande mentira.
Como sempre o tempo é protagonista, ou vc se dará conta ou deixará passar e nunca mais terá volta.
Claro que algumas vezes a pessoa dá sorte e encontra alguém muito acima da expectativa, ou seja, da qual vale a pena abdicar de algumas coisas pra ser feliz, mas até que ponto a balança é justa? Até que ponto vc faz as escolhas certas? E até que ponto vc é retribuído por seu "sacrifício"?
Mesmo na sorte e, convenhamos, a sorte é encontrar alguém que realmente nos complemente, é possível a infelicidade, a manipulação, o uso, o abuso.
E quando somos grandes pensando pequeno? É nossa falta de fé que nos leva à armadilha? A falta de fé na gente, na vida? Não acreditar no que somos, nos que podemos ser e ter?
Muitos dirão que é falta de fé no amor, na felicidade, na grandeza do ser humano. Muitos dirão que a vida não é um romance. Mas...
Olhe a sua volta. Temos sim exemplos de fracasso, de como as relações se esvaziaram, perderam o sentido. Mas veja, "perderam o sentido" aponta para o passado, onde as relações eram autênticas, de cumplicidade, eram de verdade. Não importava como começava, mesmo as arranjadas se estabeleciam com parceria.
O passado pode até ser nosso exemplo, mas se olharmos bem, o presente tb nos brinda com ótimas fotografias da vida a dois.
Se vc sonha com seu futuro numa bela casa no campo, recebendo visita de seus netos e contando histórias, muito mais do que um sobrenome em comum, é preciso duas figuras pra compor seus sonhos, dois personagens parceiros, que construíram juntos a realidade.
Se não for assim, será só alguém sentado na varanda lamentando suas escolhas.

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