quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Biblioteca da Vida

Quem já teve a paciência de passear por este blog deve ter visto várias postagens de pequenas histórias, contos, frases, etc.

Adoro frases, adoro pequenos contos, adoro os ensinamentos que todos eles trazem, e que passam despercebidos.

Desde crianças ouvimos certas histórias mas nunca captamos seu real conteúdo, é preciso o último livro da moda pra aprendermos algo que está no nosso consciente desde mais novos.

São contos que falam de atitudes, decisões, postura, confiança, amizade, amor... Que nos ensinam a lidar com as diversas situações da vida, a entendermos o mundo e as pessoas, nos preparam para o viver.

Talvez pela precocidade que lemos ou ouvimos, perdemos a essência, mas sempre é tempo de revisitar e descobrir novos encantos nos velhos textos.

Podem ser úteis quando enfrentarmos os próximos desafios em nossas vidas, nos ajudar a tomar decisões que estamos adiando a tanto, nos mostrar caminhos que parecem obscuros.

Cada vez mais nos tornamos preguiçosos pra pensar e, conseqüentemente, decidir, andamos em bandos e agimos como parte, o que é padrão no bando passa a ser nosso padrão.

Não sabemos mais decidir, identificar valores, nos posicionar, demonstrar o que sentimos, usamos cada vez mais o caminho fácil seja oferecendo sinais, seja lendo sinais.

É preciso tão pouco pra ser aceito.

Somos medrosos, covardes, medíocres que se apoiam em desculpas, na falta de sentido, no banal.

Não construímos casas fortes como nos três porquinhos, não somos solidários como os sete anões, não seguimos em frente com nossas decisões como em cinderela, não temos coragem como em chapeuzinho vermelho, não amamos como a bela adormecida, não sonhamos como em todas as histórias. Vivemos só o lado encantador dos contos de fadas.

Buscamos ensinamentos em livros de adulto quando estão em nossas memórias tudo que precisamos saber.

Atitude, coragem, convicção. Separar o bem do mal. Tomar decisões. Respeitar o outro. Superar os obstáculos. Acreditar em nós e naqueles que nos amam.

Muitas das histórias aqui postadas não são tão famosas: o cocheiro que conforme conduz sua carroça ajeita as abóboras, o coração ferido do velho que jamais deixou de se doar, a águia que se renova, dos três sapos na beira da lagoa...

São tantas que certamente esqueci alguma, não por serem menos importantes, claro que algumas tocam mais a gente, vc mesmo(a) deve ter sua história favorita.

Mas vejo em todas as histórias um grande ensinamento: atitudes valem mais que mil palavras.

Todas as histórias falam de atitudes, decisões, nos ensinam como é importante pensar e agir pro nosso bem, pensando naquilo que nos faz feliz, não naquilo que esperam de vc. Sair do conveniente, enfrentar o desconforto pra poder ser feliz.

Para finalizar, um texto que li recentemente:

- Levo a vida como playmobil, nada será capaz de tirar meu sorriso no rosto.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nossa lanterninha.

Às vezes tenho a impressão que as pessoas enxergam a vida como se tudo coubesse no foco de suas lanternas.
Vc só vê aquilo que está sob foco da luz de sua lanterna, que se vire o resto.
Em outro post escrevi sobre nossas fazendas, o que é muito ousado se pensarmos que as pessoas colocam suas vidas do tamanho de um foco de lanterna, o que se vê é o que é prioritário.
Aconteça o que acontecer em volta, não sendo visto, não importa.
"O que os olhos não vêem o coração na sente".
Seguimos felizes, atentos aquele "amplo" universo que se revela iluminado por nossas modestas lanterninhas, nada mais nos atrai, nos desperta.
Ali, dinte de nós, conseguimos resumir nossas vidas, nossa existência, cuidando daquilo ali, todo o resto se resolve.
Será?
Aceditamos no que vemos, não passamos disto, perdemos a perícia de olhar a fundo, de caminhar em busca de respostas, de cuidar de tudo que nos cabe.
Me proporcione um sorriso e me conquistará.
Enquanto isto, sua fazendo ruirá, se perderá, será invadida, quando se der conta, desconhecidos estarão sentados ao seu lado, dividindo sua vida.
Nos contentamos sobremaneira com o que a lanterninha revela (ou seja, nada), que seguimos felizes, crentes que tudo corre bem.
É óbvio que podemos estar focados em coisas realmente boas, coisas importantes pra gente, coisas com as quais sempre sonhamos, mas é justamente este foco que pode fazer com que percamos tudo mais a frente.
Ninguém coloca uma ferrari numa garagem caindo aos pedaços.
Não consigo conceber a felicidade como algo que cabe no foco de uma lanterna, até pq pra preserva-la é preciso cuidar do todo.
Ameaças vivemos aos montes, no dia a dia, de todo lado sentimos a inveja, a cobiça, a violência desmedida, a incompreenção, a injustiça.
Já vivemos tanto, já apanhamos tanto, já perdemos tanto. Como, apesar de tudo, esquecemos de cuidar de todo o resto mantendo o foco fechado num único aspecto da vida?
São os 3 porquinhos e suas casas. Que tipo de casa vc constrói pra vc?
Estamos tão desacostumados a sermos felizes que esquecemos de construir abrigos.
Não devemos nos contentar com o que a superfice apresenta, devemos nos aprofundar, compreender a fundo o que se passa. Não devemos abandonar nossos projetos de construção (e reconstrução), não devemos esquecer de tudo que é importante em nossas vidas.
Felicidade não é uma droga que nos torna burros, felicidade é uma meta que devemos atingir e manter.
Deixemos a lanterninha em casa, antes que a pilha acabe, aceitemos o sol pra iluminar o todo, cuidemos de tudo (nossa fazendinha), só assim a felicidade será parte constante de nossas vidas.

Zona de Conforto.

É ao mesmo tempo interessante e preocupante observar como as pessoas escolhem viver em suas zonas de conforto.
Uma música do Ultraje a Rigor da década de 80, "Terceiro", já falava um pouco disto sobre a preocupação de não se chegar na frente, mas tb não chegar em último, vc fica numa posição que não atraia os holofotes, mas que tb não te considerem um derrotado. Simplesmente seu esforço é empregado pra ficar numa zona de conforto onde vc fique bem com todo mundo.
Mas zona de conforto não significa que tudo ficará bem, vc perderá muita coisa, lidará com outras, terá que aceitar algumas situações.
Vc não constrói sua "fortaleza", vc constrói algo que te dê as mínimas condições de satisfação.
Vc se torna adaptável às diversas situações, de tal maneira de que fica difícil identificar sua real natureza, suas opiniões são convenientes, vc segue conforme o bando.
Cito outra música da década de 80, desta vez do Kid Abelha, "Uniformes", que fala da nossa tendência de sermos aquilo que se espera, de andar em bandos, de perdermos nossa individualidade pra sermos aceitos.
Esta zona de conforto de que falo não existe conflito, em compensação ela tem seus atritos que são intermináveis, se vc não demarca seu território, deve aceitar lidar com os que frequentam livremente.
Se vc faz tudo que se espera de vc, tb fará coisas que não te agradam, tendo como compensação únicamente a aceitação e uma suposta diminuição dos atritos.
Vc passa a pagar "pedágio" pra ser "feliz".
No decorrer dos anos fica difícil saber qual é sua real identidade, quem são as pessoas valiosas em sua vida, que tipo de contribuição podem dar, vc se vê envolvidos em relacionamentos (casamentos) que não sabe como entrou e muito menos como sair, não tem o menor preparo pra lidar com os filhos que se tornam soberanos intragáveis, vc se torna especialista em conversas de fila de banco, sua discussão mais acalorada é sobre a novela do horário nobre.
Creio que todo mundo se pega pensando, ao menos uma vez, neste processo que nos leva a zona de conforto, não sei se em busca de saídas mas, quando se torna obsessiva esta busca, normalmente metemos os pés pelas mãos.
Vc olha a sua volta (tb pode olhar no espelho), e vc vê pessoas em seus empregos "seguros", cumprindo o básico, morando em suas casas que são retrato vivo da acomodação (Tv nova não significa ânimo por grandes feitos), querendo poder, mas fugindo da responsabilidade necessária, se relacionando com pessoas que "contribuem" sempre da mesma maneira com sua vida, com as quais não tem afinidades (costumeiramente vc fala mal delas pelas costas), participando de festas onde a bebida é o "remédio" capaz de proporcionar alguma animação (e, pra variar, vc vai falar mal quando chegar em casa e substanciará o rol de fofocas nos dias seguintes), vendo seus filhos crescendo sem que vc se veja neles, eles livres, leves, soltos e irresponsáveis, e vc achando que a culpa é da natureza que os fez assim, tão sem afeto por vc.
O reflexo disto vc vê por toda sociedade, cada vez mais representando um bando único, ouvindo as mesmas músicas, vendo os mesmos filmes, dando as mesmas opiniões. Em que mundo sem graça vivemos.
Com diz um conhecido, nos tornamos homens cachorro, basta dar ração e um teto e ficamos felizes balançando o rabinho.
Tudo pq tememos tomar decisões, fugimos delas. Não sabemos lidar com o confronto, mesmo que ele dure o tempo necessário pra se construir nossa fortaleza. Temos necessidade quase vital de sermos querido, mesmo que não haja o respeito como consequência.
Não temos mais a direção, somos passageiros e, pior, nem sabemos quem está no comando. Perdemos o olhar crítico, o apreço pelas pequenas coisas, o valor de uma boa e verdadeira amizade, o significado da família, o orgulho de realmente participar da vida dos filhos, mesmo sendo nas broncas que damos pra que não percam os rumos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mundo fake?

A internet devia ser um meio, não um mundo paralelo. Meio onde expressamos opiniões, exploramos possibilidades, navegamos... Palavrinha bem apropriada. Ir e vir, usando os recursos e possibilidades disponíveis de maneira segura e confortável, explorando oportunidades que no dia a dia seriam impossíveis.
A internet é a evolução natural de uma série de recursos, como comunicação se evolui as velhas cartas, telefones, etc... Como informação desenvolve enciclopédias, livros, revistas e jornais...
Bem, são tantas as maneiras de se definir, e sempre possibilidades ricas e vantajosas.
Mas fazer da internet um mundo paralelo onde somos só personagens, personagens muito distantes de nossa realidade é decepcionante. Não vejo muito sentido nisto, afinal de contas, sempre se têm que voltar a realidade, fora os rastros que se deixa, fora os riscos de causar enormes frustrações, acentuar o penhasco que nos separa da felicidade real.
O problema nunca estará na internet... E sim no uso que se faz... Queridos internautas...
:-)

domingo, 12 de setembro de 2010

Relacionamentos Frágeis

É muito comum vermos as pessoas reclamando de seus relacionamentos, como as amizades oscilam naquilo que tem a oferecer.

Eu fico me perguntando pq, se vc reclama tanto, ainda é capaz de criar programa em comum com aquela pessoa que vc vive reclamando.

Todos nós sabemos quem são os potencialmente chatos, incômodos, inconvenientes de nossas relações, mas ainda assim concedemos espaços demais à eles.

Pq?

Será que somos tão carentes a ponto de ignorar que determinada relação, no equilíbrio de forças, é mais negativa do que positiva pra nós?

Pq concedemos espaço além do adequado e justo?

Cada pessoa ocupa em nossas vidas um papel, um espaço.

Não faz sentido permitir ou conceder nada além.

As pessoas dão provas inequívocas do que são e do que são capazes de nos dar.

É evidente que as pessoas podem mudar, evoluir, mas certamente não farão isto da noite pro dia ou se mantermos sua ração diária. É preciso cortar certos elos pra que mudanças se produzam. Falo, evidentemente, das relações conosco.

Cada pessoa tem um tamanho e um espaço a ocupar em nossas vidas.

Estes espaços são conquistados ou perdidos conforme a história, os atos.

Não estou pregando a dissolução completa de relacionamentos no primeiro deslize, mas é natural que relacionamentos sofram ajustes.

Se observarmos, temos relações cordiais com a maioria das pessoas, mantemos relações educadas e até afetuosas.

Nenhuma relação precisa evoluir (ou desevoluir) para uma relação conflituosa, basta que ocupem o espaço apropriado.

As relações profissionais são riquíssimas de variantes, é o ambiente onde se proliferam e se revelam os variados tipos, o trabalho é nossa verdadeira selva.

Mas não consigo conceber como aceitáveis relações falsas, vc tem enorme divergência com a pessoa, condena atitudes dela, muitas vezes foi até vítima e fica fingindo que nada aconteceu?

Convenhamos, me soa doentio.

Tb é óbvio que questões pessoais não devem interferir em relações profissionais, estas devem ser cordiais e respeitosas.

Mas tentar manter uma imagem de amiguinhos queridinhos é algo que não consigo classificar.

Se uma pessoa é capaz de te enfiar uma faca pelas costas, pq ficar fingindo que são amigos de longa data?

No trabalho, na vida em geral, a nossa grande conquista é o respeito, não o gostar.

Se vc é respeitado, todo o resto ganha em qualidade, todos os sentimentos ficam mais nobres.

Agora, de que adianta ser o queridinho, o mais amado se todo mundo te usa, abusa, trai, sacaneia?

Acho que nada na vida justifica esta vida de aparências, que meus inimigos, se posso tratar assim, me respeitem, que com eles eu tenha relações cordiais, mas que fique bem claro o espaço que eles ocupam, a tal ponto que não ousem ir além.

Me dá tranqüilidade, conforto e bem estar que assim seja.

Manter uma relação assim nos permite até, em algum momento, perceber mudanças que serão suficientes pra mudar nossas relações.

O uso da palavra inimigo, como feito acima, nem é adequado, foi mera provocação.

Não precisamos de inimigos, precisamos sim ter as pessoas do tamanho certo, a ausência de amizade não nos conduz imediatamente pra inimizade.

Perceba que em todo o texto falo de respeito e cordialidade, nada melhor pra desarmar espíritos.

Assim sendo, é natural que em algum momento possam ocorrer mudanças, que ao percebê-las possamos nos tornar mais próximos, nos tornar amigos.

Este refinamento é fundamental, se vc erra na dose, vc sempre estará sob risco de uma situação no mínimo desconfortável.

Muito se discute sobre quem convidar a ir a nossas casas, com quem dividir um cinema, quem chamar pra almoçar ou jantar. Mas parece que estas coisas ficam só no plano filosófico, senão, pq tanta gente reclamando de suas relações? Se tem uma receita de sucesso nas relações, em um dos pontos ela certamente fala de como devemos lidar com as pessoas de nossa relação.

Com algumas variações deve estar escrito lá:

Não deixe que pessoas tenham mais espaço do que lhes cabem, não conceda mais espaço do que é justo, não viva relações falsas, elas nos consomem, conquiste respeito e viva cordialmente, dentro do tamanho adequado pra cada relação.

É sempre bom, quando buscamos a felicidade, dar uma boa revisada em nossas amizades e em como lidamos com elas, mudar este lidar, ser mais firme e convicto neste lidar pode ser a grande transformação.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sua vida em uma imagem.

Costumo usar imagens de estrada, caminhadas, jornadas, etc. para definir a vida e seus desafios.

Não que caiba tamanha simplicidade, mas referências são boas pra nos orientar.

Nos últimos tempos uma nova imagem veio se formando, talvez ela defina melhor, pelo menos alguns aspectos de nossa vida.

É uma imagem que veio em conseqüência do entendimento de desconstrução e reconstrução, reformas, retoques e de todas as variáveis.

E a imagem que se formou foi de uma imensa fazenda com uma casa central.

Pensando a vida como esta fazenda, inclua nela tudo que te é importante, exercite a criatividade e pense nas cercas, nos animais, plantações, florestas e estradas.

Está tudo bem cuidado ou ainda falta muito por fazer? Será que está do mesmo jeito há muito tempo, talvez abandonada?

Alguns cantos estão mais bem cuidados que outros?

Dê um passeio por ela, perceba como ela é grande, como tem recursos e como pode ser mais bem aproveitada.

Mais a frente, aqueles convidados que se excedem no espaço que ocupam, misturado a eles alguns intrusos, pessoas que não respeitam o que é seu.

Em alguns recantos destroços deixados por alguém, que ali ficaram pq vc se descuidou ou evitou ver.

Veja que belo rio cruzando sua propriedade, imagina quanta vida ele é capaz de proporcionar.

E a cerca, vê as passagens pela falta de cuidado? E os buracos na estrada impedindo vc de transitar? Vc ainda se lembra o que fica ao norte? E aquela vista que vc gostava tanto, sabe ainda chegar lá?

Vamos voltar à casa principal? Antes, dê uma olhada à distância, é como vc imaginava que seria? Que sensação te causa: orgulho, felicidade, choque, decepção, abandono, tristeza, desgosto?

A parede que vc tinha retocado, voltou ao que era antes.

O piso que vc reformou, já apresenta problemas de novo.

Talvez seja hora de sentar naquela cadeira que fica na varanda, dar uma boa olhada ao longe e repensar o que deseja pra sua fazenda.

Talvez precise colocar à baixo algumas paredes, destruir alguns pisos, reformas e retoques parecem não produzir efeitos definitivos.

As frágeis cercas devem merecer um cuidado especial, talvez criar divisões internas, definindo o espaço cabível pra cada coisa.

Não adianta correr, apressar, improvisar, vá devagar, faça cada coisa ao seu tempo para que seja duradouro.

Lembre-se tb que existem pessoas que apreciam demais sua fazenda e estão dispostas a te ajudar, conte com elas.

Observe e aprenda muito em volta, boas idéias e conselhos vivem saltando aos olhos mas nem sempre enxergamos.

Mas vá além, para aproveitar tudo que sua fazenda tem, cuide bem dela, não existe nada nela que seja mais importante do que as outras coisas, tudo é um conjunto, tudo tem sua cara, tudo compõe o que vc é.

Nela vc pode atingir todos os seus objetivos, pq sua fazenda é um imenso território pronto pra ser ocupado e se tornar produtivo. Nela cabem tudo que vc precisa.

Nela tem trabalho, descanso, lazer, prazer, amor, intensidade, calmaria, medo, paz, insegurança, desafios, assombrações, etc.

Mas vc tem os recursos pra fazer cada coisa ter seu lugar, fazendo dela motivo de orgulho, sendo sua fortaleza interior, onde vc se encontra, vc se fortalece e se torna capaz de se doar, dentro do que cada um merece.

Uma fazenda nunca é fechada, mantém as porteiras abertas, pra mais e mais conhecimento e riqueza entrar. Para tanto, não fique restrito a sua fazenda, visite as outras, aproveite tudo que cada fazenda pode proporcionar.

Atentos, a troca sempre será positiva, afinal, sendo sua, vc define quem e o que entra e sai.

Alguns dirão que dá trabalho, mas dá trabalho cuidar com carinho daquilo que é teu e te dá tanto em troca?

Quem sabe valha a pena começar a obra pra logo poder reabrir, orgulhosa, pra que sejam bem vindos os amigos, tenha de volta seu cantinho de descanso e renovação, para que haja uma grande e interminável festa, que haja um belo espaço cultivado para os amores, para que a vida possa voltar a fluir em sua fazenda e ser apreciada da cadeira na varanda mas te pedindo sempre pra caminhar por ela, de mãos dadas com quem vc ama.

É bom começar a preparar a placa que fica na entrada da fazenda: qual será sua frase de boas vindas?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Suavidade.

A vida deve ser vivida com suavidade, sem rompantes ou radicalismos.
Não quer dizer que ao viver suavemente perderá em intensidade, basta ver que a tradução de jiu jitsu é "Arte Suave", nada mais significativo.
Viver suavemente é reconhecer que toda trajetória de vida oferece oportunidades que devem ser encaradas, exigindo tomada de decisão e atitude, e que fugir disto significa enveredar pelo desconhecido, deixando a sorte decidir nosso futuro.
Não existem atalhos, mas é impossível ignorar a força atrativa que eles exercem sobre nós, e é custoso aprender que é melhor o sofrimento imediato de encarar nossos desafios do que o sofrimento contínuo de decisões erradas. Se um por vezes é mais intenso, dura menos e é mais transformador do que o outro, que apesar de ser menos intenso, tende a durar mais minando nossa felicidade.
Escolhas sempre serão difíceis, mas está na suavidade com que lidamos com elas o sucesso, sem radicalismos, sem fugas, sem alternativas de prazer imediato.
Mas sempre dentre as oportunidades que a vida nos dá, ou mesmo fora delas, temos escolhas fáceis, oferecendo conquista e prazer imediato, e é duro ter paciência e persistência para alcançarmos nossos objetivos, ainda mais quando algumas escolhas parecem tão melhores.
Mas vc é capaz de trocar seus objetivos de vida por uma compensação imediata?
Infelizmente é o que fazemos sem nos darmos conta.
É óbvio que não somos facilmente enganados, a manha da vida está em sua capacidade de se camuflar, induzir, sugestionar, tentar.
Como normalmente decisões envolvem outras pessoas, significa que muitas vezes elas ganham a forma de "armadilha", e como tudo se entrelaça, são oportunidades que se cruzam, com objetivos distintos.
E neste cruzamento de oportunidade é que somos testados, é onde provamos nossa força, nosso caráter, nossa integridade, nosso comprometimento, nossa maturidade, etc.
Nem todo mundo é capaz de agir com dignidade quando o que se ganha está acima de nossas expectativas ou parece fácil demais e sem riscos.
No fim, duas ou mais pessoas se dão as mãos para fugirem de suas decisões mais efetivas e necessárias.
O que se enquadra em outro conceito: O que somos e como agimos determina o tipo e a intenção da pessoa que se aproxima de nós.
Percebam que os atalhos são inerentes ao viver, muitas vezes eles estão envolvidos diretamente com as encruzilhadas de nossas vidas, aonde a vida requer uma decisão mais difícil.
Sob pressão, fica muito difícil perceber a armadilha, é mais fácil distorcer a realidade.
Da mesma maneira, o erro não se revela de imediato, eles nos envolve, nos conduz cada vez pra mais longe de nossa trajetória, nos modifica nos tornando cada vez mais suscetível, diminuindo cada vez mais nossa capacidade de "ler" os fatos.
Mas...
Para cada diabinho com maus conselhos, haverá anjinhos oferecendo ajuda.
Se existem atalhos tentadores, Tb existem saídas salvadoras.
É óbvio que desperdiçaremos muitas até nos darmos contas, alguns jamais conseguem escapar, mas se vc conseguiu, lembre-se, a sua trajetória de vida exigirá que vc retome o caminho da suavidade, nada de escolhas radicais, miraculosas, para cada desafio, obstáculo, somente sua firmeza e convicção.
Nem sempre as conquistas surgirão de imediato, mas virão em forma de bagagem, de amadurecimento até vc poder vislumbrar seu sucesso.
Vc já percebeu que algumas das coisas mais lindas que apreciamos é fruto do trabalho paciente de pessoas que acreditam naquilo que fazem?
Tal qual aquelas garrafinhas com desenhos feitos de areia, uma hora sua vida será plena. Mas tente entornar muita areia de uma vez acreditando que dará conta e vc destrói sua arte, depois, precisará trabalhar para recuperar o estrago e só então retomar sua trajetória.
Temos por hábito nos acharmos capazes, mais do que os outros, mais espertos, astutos, audazes.
Mas a vida nunca premia os espertos, premia os que vivem com sabedoria (suavidade).
A suavidade te permite ser audaz, pq te permite enxergar os riscos e se preparar.
A suavidade te permite voar mais alto, pq te permite apreciar o céu antes de voar.
Nenhum salto é longo o bastante sem uma pausa pra se preparar.
Nenhuma força é intensa o bastante sem o tempo certo pra se condicionar.
Não tem nada dito aqui que seja novo, são coisas ditas de N maneiras no decorrer de nossas vidas, mas nem sempre ouvidas ou seguidas.
Mas é bom ter em mente, renovar os conceitos, ainda mais quando a vida requerer uma retomada.
Retome sua trajetória, acreditando nela, sendo paciente, acreditando em vc, aproveitando a bagagem acumulada, evitando atalhos, precipitações, radicalismos. Vc constrói sua vida e, na maioria das vezes, é um processo extremamente exigente.
Jamais deixe de lado quem vc é, suas virtudes, elas farão a diferença.
Sua trajetória é esta, não acredite em radicalismos, acredite nas oportunidades e em decisões bem tomadas, acredite em sua força e capacidade para tomá-las, pq a vida vem te preparando pra isto.
Acredite nas pessoas que sempre estiveram ao seu lado, que te respeitaram, que demonstram com atitudes o quanto gostam de vc.
Acredite que não existe sofrimento eterno, acredite no perdão, acredite em recomeço, acredite em VOCÊ.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O viver e o errar.

Não existe pensamento mais constante, com todas as variações possíveis, que não envolva nossas vidas e como as conduzimos.

Pensar a vida é o que nos leva a tomar decisões.

Mas este pensar está sujeito às nossas habilidades de ler e interpretar os fatos, depende do momento que vivemos, do estágio atual de nossas vidas diante daquilo que projetamos. Ter uma análise correta, diante de tantas possíveis influências parece impossível, ao menos mais difícil do que gostaríamos. De fato é.

Por isto erramos tanto, sofremos, acumulamos fracassos.

Como se diz, errar é humano, chega a ser inevitável. A grande sabedoria sempre será como lidamos com os erros. Podemos acentuá-los ou transformá-los em aprendizado, base para nosso crescimento.

Com o tempo, algo parece cada vez mais evidente, quanto mais vivemos mais percebemos que viver não pode ser um ato isolado, solitário. Para viver e viver bem, precisamos de alguns bons e poucos amigos que sejam nossos pilares. Eles nem precisam saber da importância que têm, mas nós sim temos por obrigação mantê-los por perto.

Muitas vezes nossos erros afetarão estas pessoas, não adianta supor ou desejar que nossos erros só afetem nossas vidas, assim como supor que verdadeiros amigos só devem participar dos bons momentos.

Nossos erros, muitos percebidos tardiamente, muitos ignorados por muito tempo, outros retocados indefinidamente, sempre nos perseguem, além de nos desviar de nossa felicidade, de nossos objetivos.

O que fazer? Passar o resto da vida se martirizando? Fingir estar tudo bem? Ou expurgar os erros, expiar os pecados e tentar um recomeço?

Observe que optando por tentar um recomeço, vc encontrará lá na tal encruzilhada onde tudo começou a dar errado, os bons e verdadeiros amigos, nossos pilares. Feridos ou não, eles estarão lá prontos pra te dar a mão, pra te oferecer uma nova chance, um recomeço.

Mas pq erramos?

Primeiro é importante ressaltar que diante da vida nem somos ingênuos demais, nem espertos demais.

Nossas vidas tem trajetórias relativamente bem definidas, pontos de partidas bem pessoais, portas que se abrem ou se fecham, desafios na medida exata de nosso tamanho, tem o momento de cada coisa.

Diante de nós, invariavelmente, temos situações que quando bem resolvidas, nos levam até nossos objetivos, nossos erros residem, basicamente, de escolhas erradas, de leituras equivocadas, de comparações injustas, de falta de confiança em nós mesmos, da busca de atalhos, de apressar as coisas ou recuar diante delas.

Quando assim fazemos, toda a realidade em torno de nós fica distorcida, é muito fácil um erro inicial criar uma avalanche de novos erros, perdemos os referenciais, coisas passam a ter um sentido próprio, não real, tudo parece certo e justo, e somos induzidos cada vez mais a mergulhar naquilo.

Considerando o caráter humano, onde as pessoas são capazes de se aproveitar de nossos erros, ou mesmo estarem errando tanto quanto nós, é fácil perceber que a espiral de erros tende ao infinito, como numa equação onde dois ou mais valores errados contribuem para o desastre.

O mais interessante é que nenhum erro é gratuito, como eu disse antes, nossas vidas seguem uma trajetória, ler e interpretar errado as coisas que surgem nela é que promove nossos desvios.

No que eu acredito?

Acredito que cada um de nós tem as ferramentas certas pra enfrentar os desafios da vida, para abrir caminho, construir sua trajetória.

A vida oferece através de vários meios as oportunidades de se aprender, crescer e ser recompensado, escolhas ruins produzem punição, que tb não é gratuita visto que sempre haverá chance de se redimir, de se reconstruir.

Não acredito que somos predestinados a isto ou aquilo, acredito sim que nossas escolhas definem nossa colheita, acredito que tudo na vida é oportunidade, mesmo o erro não deixa de ser uma oportunidade e é como lidamos com cada oportunidade que define quem somos, o que nos tornamos e o que possuímos.

Não importa se nossas “ferramentas” são diferentes das dos outros, importa que sabendo usá-las teremos as mesmas chances que os outros, e é fundamental que vivamos a nossa vida, não a vida dos outros.

Dentro desta ótica, errar é parte do processo, eu diria até que é esperado, o problema será sempre no como lidamos com o erro, que chance nos daremos de recomeçar, de como nos reconstruiremos e de como enxergaremos nosso erro.

É um processo que exige humildade, exige aceitar com profundidade que diante de oportunidades que a vida nos deu, fizemos escolhas erradas que levaram a outras numa sucessão de erros, exige que percebamos que foi preciso se machucar pra acordar, mas tb nos permite perceber que temos uma nova oportunidade de recomeçar, de se reconstruir, e que nem todo mundo tem sabedoria pra isto, muitos continuam cavando mais fundo, enterrando de vez a chance de ser feliz.

Lembre-se que se não soubermos lidar, o erro nos perseguirá, tentará se confirmar como verdade, com artimanhas e maldade, tentará de tudo pra se fazer de realidade.

O erro é inerente ao viver e é, na realidade, uma oportunidade de se reconstruir, com bases sólidas, de recuperar nossa trajetória.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O Bem e o Mal.

Na nossa simplicidade de interpretar as pessoas, classificamos conforme atitudes mais imediatas, mais próximas de nós. Dentro desta classificação, uma pessoa pode ser boa ou má. E ficamos até intrigados quando nem todo mundo compartilha nossos conceitos.
Por vezes visões extremamente opostas se chocam e passamos ora por cruéis no julgamento, ora por condecendente demais.
Mas pq não paramos pra ouvir o outro lado ao invés de manter o conflito?
Ninguém é de todo mal assim como ninguém é de todo bom.
Até nós mesmos temos atitudes de pura maldade e outras de pura bondade.
A questão é qual predomina, certamente algum lado há de predominar, mas situações ou pessoas são capazes de tirar de nós atitudes diferenciadas.
Tb é evidente que algumas pessoas são de uma pureza encantadora, exalam bondade, e outras de uma maldade assustadora, a simples presença já fere.
Mas não são elas que motivam a postagem, é a observação sempre muito interessante de como a bondade pode surgir de pessoas costumeiramente más, assim como a maldade pode aflorar em pessoas especialmente boas.
Se todos fossemos tão extremados, que graça teria? Dividiríamos em grupos: bons pra cá, maus pra lá.
Aprofundando, fica mais interessante observar as excessões, o que motiva o precedente? O que faz que naquele momento algo fuja ao habitual?
Outra coisa muito interessante é como numa deteminada situação a bondade e a maldade se alternam, se convivem, apesar de uma predominar, a outra dosa, estabelece os limites.
O que sugiro é que não fiquemos satisfeitos com imagens prontas, que busquemos as excessões, pq elas existem, e são elas que fazem a raça humana ser tão especial.
Histórias simplesmente mudam de rumo, somos o somatório de nossas experiências, mudamos, evoluindo ou não, contentar só com a foto do momento é de uma falta de graça.
Visto como processo dinâmico, acho pouco razoável julgar, afinal, se somos uma série histórica, o momento jamais representa o todo, e mesmo o que conseguimos alcançar, nem sempre revelará a extensão de alguém, visto que agimos e reagimos conforme o momento e/ou a pessoa, sempre haverá episódios não cobertos.
Mas se não cabe julgar, cabe conhecer, até pra se estabelecer um relacionamento justo, correto e adequado.
Concedemos espaços às pessoas, e este espaço deve ser concedido com base em conhecimento, não em julgamentos superficiais.
De qualquer maneira, pode ser muito interessante não se contentar com a superfice e se aprofundar no "outro", certamente sairemos ganhando.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Atualidades...

Quando os blogs se popularizaram, achei que finalmente as pessoas teriam espaço pra se manisfestar, colocar assuntos em discussão, transportar para a net as boas discussões do cotidiano, visto que a tendência era, e ainda é, que tudo tenha uma versão virtual.
A net reflete um pouco o comportamento de seus usuários, navegando por ai vc consegue construir um retrato (por vezes tosco) do que somos ou das máscaras que usamos.
Era uma fase que o Orkut bombava, mas me assustava o nível das discussões, era uma carnificina pra ver quem impunha seu ponto de vista, usando de meios muito pouco cordiais e elegantes.
Pior é quando se juntava um grupo pra simplesmente massacrar alguém que pensava diferente.
E eu, na minha inocência (proposital) imaginava que aquilo ali era coisa de gente com muito tempo disponível e que não refletia o comportamento médio do brasileiro.
Não só os blogs não se popularizaram como eu esperava, como surgiram os mini blog, onde vc tinha disponível excessivos 140 caracteres.
Em meio a isto, foi possível acompanhar a invasão dos brasileiros aos diversos sites de fotografia, e eram fotos de pés, beicinhos, caras e bocas tomando a net, tanto que foi preciso criar filtros e limites visto que a idéia original, desvirtuada, eram fotos de qualidade, para serem apreciadas.
Como dizem, parece que brasileiro prefere parecer do que ser. Todos os espaços virtuais que se cria são pra vc exibir uma máscara fajuta que se desfaz em contato com a realidade.
Outro fenômeno curioso foram os surgimentos de textos com assinatura falsas, tivemo a fase Luiz Fernando Veríssimo, Martha Medeiro, Clarice Lispector e agora estamos na fase do Caio Fernando Abreu.
De tal dimensão que existem sites especializados em preparar textos pra redes sociais, assim como outros tentando devolver os textos aos seus autores verdadeiros.
Ou seja, estamos perdendo a capacidade de pensar, de refletir e de ter uma boa discussão, passamos a repetir frases prontas, idéias prontas.
Mas voltando aos mini blogs, na realidade, ao twitter. Existem alguns muito bons, que oferecem boas leituras, afinal, há muito tempo atrás já existiam sabedoria em gotas, minuto de reflexão, folhinhas com pensamento, que usavam textos curtos, frases, idéias, todas plenamente compatíveis com o twitter, boas idéias cabem sim em pequenos frascos.
Mas a maioria esmagadora é de uma banalidade assustadora, se fala das coisas mais sem sentido, se torna publico os atos ou pensamentos mais inúteis, e quando então vc resolve explorar mais o universo twitter, mais assombrado vc sai.
O twitter não é culpado, evidente, até cria ferramentas para vc poder ver os assuntos predominantes no site.
E é ai que mora o perigo. Que assuntos?
Ultimamente o Brasil conseguiu liderar o ranking mundial duas vezes: "Cala a boca Galvão" e "Cala a boca Tadeu Schimidt".
Mas não foi uma discussão sobre o comportamento do Galvão Bueno, os seus tão populares excessos ou sobre algo dito pelo Tadeu.
Foi simplesmente um onda, tal qual as que acontecem em estádios, que começa pequena, se sucedem movimentos repetidos à exaustão até formar um conjunto maior que possa ser visto por todos. A graça está em vc fazer parte da onda, mesmo que vc nem saiba o pq.
E de repente o Dunga, que era o vilão da nação até poucas horas atrás, virou vítima de um sistema, teve seus erros perdoados e o posto de vilão foi ocupado por outro, até a próxima onda.
Que comportamento é este que muda tão radicalmente de lado, sem base concreta, só pra acompanhar o movimento mais popular do momento?
Passáros voam em formação e seguem um lider que nem sabe como se tornou lider, mas funciona e faz sentido pq seguem regras naturais.
Baleias tb, em seu ritmo natural, seguem um líder, inclusive pro suicídio.
Hoje formamos um bando que nem sabe o pq de seus próprios atos.
O que me chama a atenção não é o "Eu odeio o Dunga" ou "Cala a boca Galvão", o que me chama a atenção é a opção extremada, ou 8 ou 80, ou isto ou aquilo, não existe posição pesada, maturada, equilibrada.
É engraçado que vivem falando em sistema isto, sistema aquilo, como se houvesse mocinhos e bandidos, como se em tudo tivesse um grande vilão e muitas vítimas. Todos falam de manipulação como se esta prática fosse privilégio e estratégia de um só grupo ou empresa.
Se fala de inocência, manipulação e indução por se ler, ver, comprar algo de um grupo quando a regra de sobrevivência destes grupos prevê que vc deve usar todas as armas disponíveis, por vezes esquecemos que vivemos numa selva apesar de ser discurso constante, o mundo onde há um só vilão e vários mocinhos não existe.
Quantos e-mails vc leu ultimamente tentando te induzir a tomar posição em uma discussão, mas usando de informações falsas?
Já entrou em sites de análise de produtos e leu aqueles textos prontos, bem elaborados e técnicos tentando destruir a imagem de um produto? Vc realmente acredita que aquilo ali foi feito por um consumidor frustrado com sua aquisição?
Quantas vezes vc participou de algum movimento social autêntico sem que este tenha sido usado por pessoas ou grupos tentando pegar "emprestado" uma certa popularidade?
Vc já leu alguma jornal que não tenha sido parcial em suas matérias, mesmo as de artes ou esportes?
Vc já viu algum canal de televisão que tenha jogado limpo, tenha respeitado sua inteligência ou não tenha tentado manipular suas preferências?
Quantos debates ou discussões vc acompanhou recentemente na imprensa onde os participantes realmente falavam o que pensam sem esperar o aplauso público?
Fico vendo os tais movimentos populares, até os virtuais, se desenvolverem como se não houvessem outros interesses por trás, como se os "espertos" participantes não estivessem atendendo os interesses de pessoas ou grupos.
A questão é que estamos numa selva, com regras que não são nossas e estamos fazendo papel de bobo escolhendo este ou aquele lado, simplesmente por preguiça de pensar, simplesmente por preguiça de "confrontar", simplesmente pq querer o conforto nas relações sociais.
Estamos perdendo nossa identidade, como diz a música da década de 80, estamos usando uniformes.
Já dizia Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra, muito provavelmente nenhum pensamento ou conceito estará correto se não for equilibrado, se não considerar todas as forças atuantes, se não medir o peso de cada coisa.
Não dá pra pular de galho em galho, tomando atitudes contraditórias e achar tudo isto bonito. Sem observar como as coisas interagem, como cada coisa nos influencia, é muito pouco provavel que tenhamos uma posição correta.
Além do mais, devemos perder o medo de pensar, de errar, de nos posicionar.
Devemos retomar o ser ao invés do parecer.
Não dá pra aplaudir tal qual macaquinho os atuais movimentos "populares", não dá pra aderir à ondas perdendo a própria identidade, só pra ter aceitação.
Não que certos movimentos estejam de todo errado, mas perdem a utilidade quando são extremados, pouco refletidos e sequer discutidos.
Sou de um tempo, não tão longínquo assim, onde a gente tinha tesão em participar das rodinhas de discussão, onde as conversas atravessavam horas, boas horas, onde ninguém alterava o tom de voz pra se impor, onde bebidas ou drogas eram desnecessárias, onde idéias eram mais apreciadas do que poses.
Será que temos chance de voltarmos a estes tempos?

terça-feira, 8 de junho de 2010

O copo d‘água

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d‘água e bebesse.

- "Qual é o gosto?" perguntou o Mestre.

- "Ruim " disse o aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:

- "Beba um pouco dessa água".

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:

- "Qual é o gosto?"

- "Bom!" disse o rapaz

.- Você sente gosto do "sal" perguntou o Mestre?

- "Não" disse o jovem.



O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:

- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos. Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo.

Torne-se um lago...



Confúcio

domingo, 30 de maio de 2010

Os dois cães.

“Conta a história que um discípulo foi procurar um mestre. Ao encontrá-lo o interpelou:



- Mestre às vezes me sinto uma pessoa boa, em paz com o mundo e às vezes me sinto mesquinho e egoista. Como vou saber qual destas pessoas eu realmente sou?



O mestre o encarou com a face plácida e o olhar que continha a sabedoria de anos de meditação e respondeu:



- Dentro de mim existem dois cães, um bom e um mal. Os dois são idênticos, nasceram juntos, tem a mesma força, sabem as mesmas coisas, enfim, são completamente idênticos. E os dois estão sempre brigando em meu interior, até quando estou dormindo.



O discípulo olhou para seu mestre com uma expressão de dúvida.Refletiu um pouco e perguntou:



- Mas mestre qual destes cães vai vencer a briga?



O mestre olhou para o horizonte e com um ar solene respondeu:



- Aquele que eu alimentar!”

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Míope e a Águia.

Vivemos uma época de falta de cordialidade e educação nas relações que assombra. Não sei quando foi que perdemos a gentileza, a agradabilidade, o gosto pela amizade, pela boa discussão.
Por vezes temos que lidar e conviver com banalidades, outras temos que ser afrontados por discussões virulentas.
É entristecedor ver como perdemos a capacidade de discutir, conversar, apreciar idéias diferentes das nossas e aprender com isto.
Como proteção, adotamos a covardia das banalidades, das unanimidades burras, do último sucesso pegajoso, da opinião pré formulada, das idéias pré concebidas.
Nos tornamos um bando glorificando o banal. Cenas patéticas de endeuzamento do vazio.
O mérito ficou em segundo plano, a capacidade crítica inexiste, como diz a velha música, usamos uniformes, nos pasteurizamos.
Mas quem vai se atrever a ter opiniões sabendo que ganhará interlocuores raivosos? Quem vai se atrever a pensar correndo o risco do massacre?
A marra tomou conta, pose e aparência valem mais do que o pensamento, parecer vale mais que ser.
As diferenças não são mais apreciadas, são combatidas.
Estamos num ano eleitoral, de copa do mundo, ano de boas discussões. Boas?
Mas quem aceita a opinião diferente, que se predispõe a ouvir o outro lado, quem se preocupa em compreender os motivos dos outros?
Os donos da verdade em sua falta de respeito e arrogância se esquecem que algumas vezes o míope consegue mais precisão que a águia.
Seria tão bom voltar a conquistar amigos com o que penso, passar horas agradáveis em boas discussões, agregar conhecimento com a capacidade de ouvir.
Vejam os blogs, twitters, orkuts... Em quantos vc teve prazer de ler a opinião de seu autor e não textos prontos de internet, a maioria com autoria duvidosa?
Qual foi a última boa discussão que vc acompanhou sem que um dos participantes tenha perdido a linha?
Qual foi o último comentário que vc leu numa coluna de jornal que não continha desrespeito, piadinhas eróticas ou troca de agressões?
Nem falo de erros de português, até pq é desculpa de pagodeiro pra letras ruins, argumentam que não estudaram mas se esquecem de grandes nomes do samba que estudaram até menos. Viva Cartola!
Já tive conversas deliciosas com quem mal sabia escrever, acredito que muitos leitores tb.
Sabedoria não se aprende na escola.
Se a humanidade vive de ciclos, que volte logo o ciclo onde se aprecie mais as virtudes do homem cordial e pensante.
Onde o míope e a águia sejam tratados como iguais, e se admirem pelo que cada um pode contribuir.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Santuários.

Deveríamos tratar nossos amigos como santuários.
Respeita-los, visita-los, mantê-los e recorrer sempre que precisamos.
E sempre, diante dos santuários, esquecer todo o resto, não se distrair, se dispersar.
O que nos faz fortes são estes santuários, se os abandonamos, nos abandonamos.